Magic: the Gathering

Competitive

Standard: Decks que podem sobreviver à rotação

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Dominaria United está se aproximando, assim como a nova temporada. Nesse artigo, apresento cinco decks que deixarão o formato e cinco arquétipos que provavelmente sobreviverão à rotação.

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revised by Tabata Marques

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Com as primeiras prévias de Dominaria United surgindo na semana passada, somos abruptamente lembrados de que a rotação está se aproximando — a partir do lançamento da nova edição, Zendikar Rising, Kaldheim, Strixhaven e Adventures in the Forgotten Realms não serão mais permitidas no Standard, e levarão junto a essência e a base de alguns dos principais arquétipos presentes no formato hoje.

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Dentre as maiores perdas que teremos com a rotação, incluem as Pathways, que funcionavam como ótimas dual lands incondicionais onde não apenas permitiam uma boa quantidade de splashes e um bom equilíbrio de manabase de três cores, como também recompensavam ou puniam jogadores pelas suas decisões com base no requerimento de cores no curto e médio prazo — e duais entrando em jogo desviradas em qualquer estágio do jogo são extremamente raras de surgirem.

Logo, podemos esperar um decréscimo na velocidade os arquétipos de três cores no Standard se não tivermos uma substituição equivalente em Dominaria United, o que considero improvável a menos que decidam reprintar as Painlands — vistas pela última vez em Magic Origins — já que elas indicam localidades do plano em seus nomes.

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Falando em velocidade e versatilidade, outra gigantesca perda serão as Manlands, já que elas adicionavam mais um ângulo de ataque nos principais decks do formato e mitigavam o fator de qualquer land se tornar um topdeck ruim. O mesmo pode ser dito das Spell Lands de Zendikar Rising, especialmente Jwari Disruption, Emeria's Call e Shatterskull Smashing.

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Outras várias staples de múltiplos formatos ou mágicas importantes para o Standard também estarão indo embora, e isso obviamente fará com que muita coisa mude e novas estruturas precisem ser reformuladas para criar e estabelecer um novo Metagame.

É claro que a chegada de Dominaria United e o lançamento de The Brothers War pouco tempo depois agitará e definirá muito de como o Standard de 2023 se comportará, mas podemos avaliar com base nas estratégias presentes nessa temporada quais arquétipos que existem atualmente poderão continuar existindo e até mesmo sendo competitivamente viáveis neste novo ciclo, então vamos avaliar cada um dos principais decks mais jogados hoje e quais suas chances de sobrevivência pós-rotação.

Estarei os dividindo em duas categorias: aqueles que provavelmente vão desaparecer a partir de setembro, e os que ainda são viáveis após a rotação, e farei uma análise individual do que eles precisam para se manterem como estratégias viáveis na próxima temporada.

Decks que desaparecem com a Rotação

Jeskai Hinata

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Perde com a rotação: Magma Opus, Goldspan Dragon, Expressive Iteration, Manabase.

Necessita de: Mágicas com múltiplos alvos.

Muitos odeiam o Jeskai Hinata por estar num limiar muito próximo de um deck quebrado, então suponho que poucos realmente sentirão falta de jogar contra ele.

O que torna do Jeskai Hinata tão poderoso é a interação entre suas winconditions: Magma Opus, Hinata, Dawn-Crowned e Goldspan Dragon — como todos que já o enfrentaram sabem, tornar de Opus uma mágica explosiva por duas ou três manas é absurdo, além de ser incrivelmente fácil proteger Goldspan Dragon com tokens de Tesouro.

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Com todas essas cartas indo embora, além de uma manabase que não recompensa tanto decks de três cores inimigas com a ausência dos Triomas, o Jeskai Hinata precisará de uma reformulação muito grande para ainda existir no Standard e dependerá exclusivamente de lands que possibilitem melhor consistência ao lado de mágicas com múltiplos alvos.

Dito isso, Hinata, Dawn-Crowned é uma ameaça decente por conta própria e torna todas as suas mágicas melhores: Um Lightning Strike — se vier a existir no Standard — torna-se um Lightning Bolt na presença dela, um Make Disappear se torna um Force Spike com esteroides e assim por diante. Logo, ainda acredito que Hinata consiga protagonizar um Midrange decente na próxima temporada se a manabase permitir.

Mono-Green Aggro

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Perde com a rotação: Old-Growth Troll, Werewolf Pack Leader, Blizzard Brawl, Esika's Chariot, Ranger Class, Snakeskin Veil, Inscription of Abundance, Lair of the Hydra.

Necessita de: Ameaças de dois-por-um, interação proativa barata.

O Mono-Green Aggro perderá praticamente tudo o que constitui a sua base com o lançamento de Dominaria United. Apesar de existirem alguns substitutos funcionais para alguns cards, como Primal Adversary e Jewel Thief, suponho que a ausência de algumas mágicas-chave e principalmente das interações entre suas permanentes e interações de custo baixo que ofereçam proteção e/ou remoção tornam da proposta de "Aggro" menos viável.

É possível que, com a existência de novos mana dorks, o Mono-Green possa elevar a curva para jogar com ameaças melhores por um custo mais alto, mas creio que isso não o tornará melhor ou mais consistente do que um Midrange de duas ou mais cores e não será o suficiente para suprir a necessidade de invalidar remoções de 1-por-1 como a atual versão faz.

Mono White Aggro

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Perde com a rotação: Usher of the Fallen, Luminarch Aspirant, Skyclave Apparition, Elite Spellbinder, Legion Angel, Manlands.

Necessita de: Criaturas de custo baixo que ofereçam qualidade ou disrupção.

Se o Mono-Green está numa posição ruim após a rotação, eu acredito que o Mono-White Aggro fica ainda pior na ausência de algumas peças-chave essenciais: Luminarch Aspirant aumenta o clock, Elite Spellbinder atrasa o jogo do oponente por vários turnos e Legion Angel ao lado das manlands possibilitava estender a partida por diversos turnos.

Sem esses elementos, o Mono-White necessitará de mais criaturas de qualidade por um custo baixo — algo que normalmente não vêm pré-definido numa única edição — para manter-se a par no cenário competitivo e não encontrar esse gap que faz dele um alvo fácil para os Midranges.

Naya Runes

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Perde com a rotação: Runeforge Champion, Showdown of the Skalds, Runas, Pathways

Necessita de: Auras baratas e funcionais e/ou uma mudança de estratégia em torno de Hallowed Haunting.

Não só o Naya Runes perde todo o seu core com Runeforge Champion e as Runas, como também perde sua engine alternativa de card advantage, Showdown of the Skalds. Logo, é seguro afirmar que esse deck estará morto após a rotação.

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O que podemos considerar, no entanto, é que Generous Visitor, Kami of Transience, Jukai Naturalist e Hallowed Haunting permanecerão no formato. Logo, outra variante mais voltada para o Midrange e com encantamentos de qualidade como Fable of the Mirror-Breaker pode abrir novas interações caso os próximos sets deem alguma ênfase nessa categoria de permanente.

Orzhov Control/Midrange

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Perde: Luminarch Aspirant, Vanishing Verse, Legion Angel, Lolth, Spider Queen, Deadly Dispute, Eyetwitch, Shambling Ghast, Manlands.

Necessita de: Uma nova base de early-game e/ou bons payoffs de Control.

Orzhov voltou a estar entre os principais competidores do Standard nas últimas semanas após adotar uma postura mais proativa do que as versões anteriores.

Porém, boa parte do core Orzhov deixará o Standard em setembro, e ele precisará se reinventar. Apesar de não duvidar da probabilidade dele estar no cenário competitivo da próxima temporada, boa parte de seus cards será essencialmente diferente do que vemos hoje, especialmente nos primeiros turnos porque o late-game ainda pode ser bem estabelecido com The Wandering Emperor e Sorin the Mirthless.

O spoiler de Evolved Sleeper é um bom começo nesse sentido, e também contamos com Tenacious Underdog, Mas o Orzhov como o conhecemos hoje definitivamente deixará de existir e a dúvida que eu tenho é se realmente valerá a pena jogar com duas cores ao invés de seguir a rota de Esper — e só teremos a resposta quando sabermos se a manabase da próxima rotação sustentará decks de três cores.

Porém, a versão de Orzhov Control, que perde Lolth, Spider Queen e Legion Angel como principais ameaças deixará de existir, e precisaremos de payoffs tão bom quantos — além de respostas muito eficientes — para ele conseguir se manter no formato. Portanto, estou o deixando nesta categoria.

Decks que podem sobreviver à Rotação

Boros Aggro

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Perde com a rotação: Luminarch Aspirant, Roil Eruption, Showdown of the Skalds, Elite Spellbinder

Necessita de: Uma mágica de dano barata, um early-drop que interaja com marcadores +1/+1.

Se eu precisasse escolher uma lista desta temporada para jogar na próxima, provavelmente seria o Boros Aggro, porque ele mantém boa parte do que realmente constitui a sua base.

A significativa perda de Luminarch Aspirant estava me deixando um pouco cético sobre a viabilidade dessa estratégia após a rotação, mas o preview de Shivan Devastator me deixou mais otimista porque oferece um drop flexível (e muito explosivo no late-game) que também interage absurdamente bem com Thundering Raiju.

Isso nos leva, portanto, ao problema restante: uma mágica de dano barata aos moldes de Roil Eruption — o Boros Aggro pode o substituir por Kami's Flare, mas ele nunca será um topdeck tão bom quanto uma mágica de dano direto quando estamos pressionando o oponente e/ou temos uma mesa vazia.

Acho pouco provável que não teremos um substituto funcional entre Dominaria United e The Brothers War (preferencialmente, o próprio Lightning Strike), então estou bem otimista quanto ao futuro do Boros Aggro no Standard de 2023.

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Esper Midrange

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Perde com a rotação: Luminarch Aspirant, Vanishing Verse, Legion Angel, Manabase

Necessita de: Boas duais em Dominaria United.

Tal como o Orzhov, o Esper perde alguns dos seus drops de custo mais baixo, mas o maior estrago no meu ponto de vista será na sua manabase onde a ausência de Pathways poderá tornar do arquétipo significativamente mais lento.

Dito isso, considero o Esper muito mais viável na sua atual composição do que um Orzhov, por exemplo, porque Raffine, Scheming Seer é absurdamente poderoso e oferece uma filtragem de card gigantesca, o tornando o payoff perfeito para a adição de azul á uma base preta e branca.

Outras peças que justificariam o splash ou a adição ao azul incluem Kaito Shizuki e Obscura Interceptor, sem contar interações baratas como Make Disappear, e até cartas como Dennick, Pious Apprentice poderiam ser drops de custo baixo úteis para a lista.

Portanto, tenho o otimismo de que teremos uma manabase que comporte uma lista de Esper Midrange e que não serão necessárias tantas mudanças para torná-lo viável — ou até mesmo fazer dele o melhor deck do formato — no próximo lançamento.

Vampires

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Perde com a rotação: Manabase Estável, Expressive Iteration

Necessita de: Boas duais em Dominaria United.

Basicamente todo o core do Vampires permanece no Standard após a rotação, exceto pela sua manabase, e isso pode trazer sérios problemas para o arquétipo na sua estratégia atual, especialmente porque ele se encontra mais próximo do espectro de controle em um Midrange, onde precisa se adaptar ao formato.

Porém, considerando que o arquétipo já conta com diversas criaturas de alta qualidade, como Bloodtithe Harvester, Corpse Appraiser e Evelyn, the Covetous além de opções não amplamente jogadas hoje como Anje, Maid of Dishonor e Florian, Voldaren Scion, somado com Voldaren Estate como uma permanente que interage positivamente com esse tipo de criatura, consigo imaginar que uma variante mais próximo do espectro proativo possa manter-se no Standard do próximo ano.

No entanto, contar exclusivamente com Xander's Lounge e Voldaren Estate, além das Slow Lands para acesso às cores de Grixis pode ser problemático, já que estamos falando de uma estratégia que normalmente quer jogar com seus drops na curva certa, então uma melhoria na Manabase poderá definitivamente fazer muito em relação a aumentar a viabilidade de um deck de Vampiros na próxima temporada — especialmente ao recorrer a um acesso completo das três cores ao invés de seguir uma temática de "Rakdos mais splash".

Rakdos Sacrifice

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Perde com a rotação: Lolth, Spider Queen, Deadly Dispute, Warlock Class, Manlands

Necessita de: Mais card advantage.

Apesar de não estar entre os decks mais jogados do Standard hoje, o Rakdos Sacrifice baseado na interação entre artefatos e Oni-Cult Anvil perde poucas peças com a rotação, com a mais importante sendo a staple de múltiplos formatos, Deadly Dispute — com esse podendo ser substituído por Reckoner's Bargain que, apesar de não criar o tão necessário token de Tesouro, ainda serve ao propósito e temática da qual ele propõe.

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A maior perda desse arquétipo, portanto, é a ausência de um bom mana sink no Late-Game, já que Lolth, Spider Queen, Manlands e até Warlock Class não estarão mais entre presente e deixarão um espaço onde o jogador necessitará de alguma carta que o permita obter algum card advantage recorrente e/ou que opere como um bom manasink de late-game para manter seus recursos enquanto esvazia os do oponente com Ob Nixilis, the Adversary.

Creio que tanto Sorin the Mirthless quanto a nova Jaya, Fiery Negotiator poderiam servir para esse propósito. Especialmente Jaya, visto que os tokens criados por ela possuem Prowess e podem desencadear do cast de seus artefatos e mágicas, além de se acumularem rapidamente por virem de uma habilidade positiva. Outra opção para esse slot é o também novo Evolved Sleeper, que oferece um poderoso recurso de late-game já que sua última habilidade pode ser ativada múltiplas vezes enquanto ele for um Phyrexiano.

Jund Midrange

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Perde após a rotação: Lolth, Spider Queen, Esika's Chariot, Manabase Estável

Necessita de: Bombas de meio de jogo, boas duais em Dominaria United.

Para mim, o que faz do Jund uma opção viável é que ele possui duas mágicas muito poderosas em Streets of New Capenna: Unleash the Inferno e Riveteers Charm. Isso, acoplado com o que já conhecemos dos novos cards, como a inclusão de um mana dork decente com Llanowar Loamspeaker me deixam bem otimista com relação ao futuro desse arquétipo.

O problema do Jund é uma junção das limitações do Vampires e do Rakdos Midrange: Sua base ainda é bem funcional pós-rotação, mas a perda das Pathways e de Esika's Chariot terá um impacto significativo na maneira como esse deck se comportará na próxima temporada.

Creio que o problema de bombas de meio de jogo possa ser adereçado facilmente com uma variedade de cartas — inclusive com a nova Jaya — e o Jund consegue se adaptar bem às circunstâncias de cada metagame, e com a opção de ter até oito mana dorks se contarmos com Black Market Tycoon, além de Fable of the Mirror-Breaker, consigo imaginar variantes desse arquétipo tendo um early-game bem explosivo ao conjurar Planeswalkers impactantes e outras criaturas poderosas que gerem valor agregado rapidamente nos turnos 3 e 4.

Mas para isso, tal como qualquer outra lista de três ou mais cores no formato, o Jund precisa de uma manabase mais estável para conjurar suas mágicas num timing certo e flexibilizar o acesso às três cores tão cedo quanto no turno 3 para dar ao jogador a liberdade de optar se prefere jogar um Bloodtithe Harvester ou Llanowar Loamspeaker no turno 2.

Conclusão

Esse artigo foi produzido como os principais decks do Standard hoje possuem peças-chave que permanecerão ou deixarão o formato após o lançamento de Dominaria United em 9 de setembro. Porém, não temos como prever exatamente o quanto uma edição da qual até o momento tivemos apenas algumas prévias impactará o cenário competitivo.

Um exemplo que gosto sempre de lembrar sobre como especulações de pós-rotação podem ser falhas foi durante a época de Theros-Tarkir, onde Khans of Tarkir era simplesmente tão mais poderoso que o bloco inteiro de Theros que praticamente dominou a maneira como os decks eram construídos e poucos arquétipos com estratégias voltadas para mecânicas de Theros realmente conseguiam suceder.

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Dito isso, no que concerne ao uso consciente de Wildcards ou investimento de listas para continuar jogando nessa temporada sem, talvez, ser tão prejudicado pela próxima — e na ausência do formato "Future Standard" nessa temporada para testarmos ideias das quais também não eram uma grande garantia, mas que nos davam uma ideia de quais cartas se destacavam mais do que outras — creio que algumas opções definitivamente possuem mais potencial por conta própria, enquanto outras dependem mais da inserção de peças importantes num futuro próximo.

Dentre os mencionados, eu definitivamente apostaria mais em arquétipos com um core já bem estabelecido como Rakdos Sacrifice, Boros Aggro e Rakdos/Grixis Vampires, mas tanto o Esper Midrange quanto o Jund funcionam tão bem no aspecto de "Goodstuff" que não consigo imaginá-los fora da próxima temporada.

Posso trazer algumas ideias de listas "à prova de rotação" nas próximas semanas. Caso você tenha interesse, não deixe de comentar!

Obrigado pela leitura!