Modern: Izzet Tempo e a consistência no topo

Setembro começou e já tivemos nosso primeiro challenge no dia 05/09 com o famoso UR Tempo alcançando o primeiro lugar!

Desde a vinda de Modern Horizons II, esse arquétipo vem mostrando que veio para ficar e ditar uma nova era do formato, então cheguei à conclusão de que este é o momento perfeito para falar um pouquinho desse deck, que vêm apresentando bastante presença e impacto no Modern.

Aqui temos uma versão bem direta ao ponto do que o deck é hoje em dia.

A única "diferença notável" do maindeck convencional uma cópia única de Engineered Explosives:

Provavelmente, o card está aí para lidar contra cartas do meta atual, como os Rinocerontes do Crashing Footfalls, todas as criaturas de custo 0 do Hammer Time, as fichas de Urza's Saga e quem sabe até, em um momento com a mesa mais desequilibrada, fazer com 1 marcador e lidar com outra gama de permanentes, como os próprios Ragavan, Nimble Pilferer e Dragon's Rage Channeler oponentes em uma mirror, Sigarda's Aid e Colossus Hammer contra o supracitado Hammer Time, entre outras diversas possibilidades que estão no alcance desse artefato tão versátil.

Mas vamos falar também sobre as engrenagens que fazem o deck funcionar com consistência e precisão: as peças-chave e suportes do deck!

Basta uma olhada e podemos perceber que a lista usa praticamente as melhores e mais posicionadas mágicas nas cores vermelho e azul, se beneficiando tanto de clássicos como Lightning Bolt, Serum Visions e Thought Scour, que estiveram sempre presentes nas tentativas de criar esse arquétipo no Modern, quanto com as novas armas desse diverso arsenal, que são o nosso maior foco aqui, onde veremos as cartas que tornaram o Izzet Tempo não apenas uma opção viável no formato, mas sim um dos decks principais e que ditam como o Modern é hoje.

Quando falamos sobre o Izzet Tempo, logo pensamos nas criaturas que tanto nos ameaçam e causam impacto na mesa. Mas sem o suporte das mágicas que as cercam, elas dificilmente seriam tão ameaçadoras assim... E, na verdade, as coleções recentes mudaram bastante o mundo das instantâneas e feitiços.

Começando pela nova cantrip favorita das cores Izzet... bom, na verdade, das cores Prismari! Sim, estou falando da Expressive Iteration, uma carta que mesmo custando uma mana a mais que as mágicas de draw usuais do formato, também "compra" uma carta a mais, o que se torna poderosíssimo em um baralho com a curva tão baixa, muitas vezes tirando proveito de cartas como Mishra's Bauble, terrenos ou até as cartas proativas de custo 1.

Falando em mágicas proativas de custo 1, Unholy Heat está aqui como uma das mais fortes remoções já lançadas, principalmente por sua versatilidade. Sendo uma poderosa arma contra criaturas e planeswalkers, é um removal justo para o early game, lidando com uma quantidade relevante de alvos com 2 de resistência ou lealdade, mas como esse baralho é feito para atingir rapidamente o Delirium, é perfeitamente possível e provável vermos a carta em seu potencial e alcance máximos, assim, poucas criaturas e planeswalkers no formato conseguem receber um Unholy Heat e sobreviver para contar a história depois.

Outra coisa que sempre nos vem a mente quando falamos sobre esse tipo de deck são anulações, e aqui temos um "novo clássico", o Counterspell. Sendo uma das cartas mais emblemáticas do Magic desde Alpha, Counterspell ser válido no Modern sempre foi uma grande vontade de muitos dos jogadores de azul do formato. Simples e eficaz, a carta se mostra uma resposta poderosa a tudo que entra na pilha após o turno dois, independente de seu tipo, custo ou quase qualquer outro fator, assim sendo um recurso leve que o oponente precisa considerar do começo ao fim do jogo.

Falamos de anulações, disrupções de mesa e compras de carta, então que tal uma carta que faz os três?

Archmage's Charm é uma das cartas mais eficientes do Magic contemporâneo e tem um custo-beneficio que compensa seu valor de mana relativamente elevado, já que é virtualmente o topo da curva desse baralho.

Todas as funções do amuleto são perfeitamente válidas hoje em dia, tendo apenas como diferença a sua necessidade no momento, em especial para a habilidade de roubar permanentes de valor de mana 1 ou menos, que ganha uma força extra dada ao momento atual do modern, que possui grande foco nessa curva. No quesito versatilidade, Archmage's Charm é extremamente relevante.

Todas essas adições recentes montam uma base de suporte forte para baralhos que visam ganhar em interação e vantagem, criando brechas nos decks oponentes para as criaturas brilharem.

É, o suporte é importante, mas quem realmente brilha nesse deck são as criaturas poderosíssimas que Modern Horizons II nos deu de presente. Elas que causam o impacto maior na mesa e dão sentido à toda essa liga de disrupção e vantagem em cartas. É impossível falar do Izzet Tempo sem falar de sua core ofensiva.

Tanto a Dragon's Rage Channeler quanto o Ragavan, Nimble Pilferer, ao meu ver, são faces opostas da mesma moeda (o que inclusive foi o assunto de um dos nossos artigos recentes). São criaturas que dividem espaço no quesito tempo de jogo, já que possuem o mesmo custo, mas ambas tem funções completamente distintas nesse baralho.

A Channeler é uma criatura que trabalha totalmente para o deck, sendo um suporte para outras cartas, como o delirium do já antes citado Unholy Heat e o delve do que vou citar futuramente, Murktide Regent. Além disso, ela é uma ótima peça de seleção de cartas e ainda uma criatura ofensiva impressionante, sendo assim, uma das peças mais importantes do baralho.

Por outro lado, o Ragavan é o contrário: ele é totalmente a carta mais apoiada pelo deck inteiro, precisando de todo o suporte possível para ter relevância em jogo, as remoções e anulações muitas vezes vão servir para tirar os bloqueadores e proteger o valioso macaco. Mas todo esse esforço geralmente vale a pena após as conexões de dano, onde ele se torna um verdadeiro "Ás", fazendo com que cada conexão te salte em mana e vantagem em cartas num nível onde, muitas vezes, é impossível o oponente voltar para o jogo. É como se o deck inteiro trabalhasse para o macaquinho e ele retornasse com todo o lucro (inclusive em tesouros, hehe).

Na verdade, quase o deck inteiro, pois existe uma criatura que está no baralho para uma simples função: terminar o jogo e terminar rápido.

O Murktide Regent é o grande canhão do baralho, com seu custo facilmente reduzido (muito por causa da sua amiga Channeler), o grande dragão não veio para trazer vantagem ou seleção de cartas, ele tem um serviço e vai usar sua resiliência e grande corpo (podendo chegar a 8/8 com voar, fora buffs futuros graças a sua outra habilidade) para finalizar o oponente em duas ou três pancadas, sendo uma das criaturas mais perigosas e que geram maior reação entre os oponentes.

Esses três ases, aliados a todo o suporte que citamos, conseguem subverter quase qualquer partida, e por se tratarem de cartas de grande impacto que entram muito cedo no jogo, acabaram ditando todo um ritmo novo para o Modern, aonde é necessário ter respostas e recursos em turnos mais iniciais para seguir seu plano de jogo sem perder o fio da meada.

Como estamos falando de um dos baralhos mais visados do Modern, acredito eu que seja relevante falar sobre algumas das cartas que muitos decks usam de sideboard e alguns até de maindeck para parar o Izzet Tempo, são cartas que qualquer jogador que queira utilizar o baralho precisa tomar ciência e se preparar.

Começando com a opção mais presente e genérica, Chalice of the Void é uma das cartas que mais coloca medo no querido UR, pois jogamos com uma quantidade enorme de mágicas com valor de mana 1, (essa lista, por exemplo, usa vinte e quatro cartas de custo 1 no maindeck), o que vai ser inevitavelmente punido quando o oponente conjura um Cálice com um marcador. Sem falar que hoje, muitos decks mais cadenciados ou que conseguem burlar o Cálice de alguma forma estão utilizando o artefato no maindeck, o que dificulta ainda mais o nosso jogo.

Outro alvo fácil no UR é o uso de cemitério para delirium e delve, pois sem acesso ao nosso cemitério, muitas cartas do deck pioram drasticamente.

Para impedir o uso de cemitérios, o Modern possui uma diversidade enorme de cartas, mas uma das mais problemáticas é a Sanctifier en-Vec. Além de exilar grande parte das nossas cartas, a santificadora conta com proteção ao vermelho, o que além de livrá-la da maioria das nossas remoções, faz com que ela seja a melhor bloqueadora possível contra o Ragavan e ainda contra a Channeler, que provavelmente não vai estar conseguindo voar. É uma carta que, uma vez no campo, é bem irritante e difícil de lidar.

Para fechar esse capítulo, não vou falar de uma carta específica e sim de uma situação que acontecerá muitas vezes...

O Modern hoje possui muitas remoções preparadas exatamente para as cartas que este deck usa, então não se espante se o oponente tiver uma remoção esperando o seu Ragavan ou sua Channeler feitos no primeiro turno, é algo que vai acontecer bastante e você já precisa jogar envolta de cartas como Prismatic Ending, Fatal Push, Dismember ou até mesmo Gut Shot.

Como sabemos, nenhuma lista é definitiva e sempre haverá espaço para deckbuilding conforme o ambiente e principalmente de acordo com a sua postura de jogo, aqui vamos ver algumas opções de inclusão que fazem sentido tanto para lidar com o metagame, quanto à proposta do deck.

Caso esteja realmente preocupado com Chalice of the Void, Brazen Borrower é uma carta perfeitamente viável aqui, sendo um beater leve por conta do seu flash e com uma disrupção de mesa que pode lidar momentaneamente com quase qualquer coisa, o Brazen será o melhor amigo de seus counters, voltando a ameaça para mão oponente quando você já estiver em posse de uma anulação, depois ainda servindo como uma ótima criatura para bater no ar.

Já para aqueles que buscam ainda mais vantagem em cartas e valor, o bom e velho Snapcaster Mage também pode elencar suas criaturas. Mesmo com pouco valor ofensivo, o nosso mago é ótimo com todas essas instantâneas e feitiços de baixo custo, além de ter uma pequena sinergia com os nossos Murktide Regent, sendo assim, uma ótima alternativa para mais interação no jogo.

Não é qualquer baralho que consegue permanecer por tanto tempo no topo de um tier e hoje vimos as peças que fazem toda a consistência de um dos decks que é a cara do Modern atual, com diversas cartas novas e um ritmo acelerado, que pode não agradar a todos, mas está funcionando e que aparentemente veio para ficar.

Por hoje é isso pessoal, até a próxima!