Magic Arena: Um Guia para jogar o Melhor de Um

O Magic Arena conta com uma variedade ampla de formatos competitivos para que os jogadores disputem entre si. No entanto, quando se trata das modalidades, o Melhor de Três é baseado no conceito clássico de uma partida de Magic: The Gathering onde jogadores podem alternar cards do maindeck e do sideboard após o primeiro jogo, adaptando assim sua lista para aquela partida em particular. Já o Melhor de Um busca uma proposta mais rápida e objetiva para aqueles que não tem tanto tempo de sobra para investirem até 50 minutos no resultado de uma partida, sendo mais próximo do que vemos em outros TCGs digitais como Hearthstone ou Legends of Runeterra.

O artigo de hoje busca trazer um panorama do ambiente de Melhor de Um no Magic Arena, deixando de lado o Metagame e as recomendações individuais de cada formato para focar nos padrões que constatamos nessa modalidade e como se preparar adequadamente para eles.

Um jogador oldschool, acostumado com o cenário de lojas locais, torneios e eventos de Magic, provavelmente deve estranhar a ideia de jogar apenas uma partida sem sideboards, já que há vários fatores em que são definidos pelas decisões que você toma após o primeiro jogo e como esses quinze cards da sua reserva alteram a postura do seu deck. E considerando que a maioria dos torneios grandes no Arena também são em Melhor de Três, por que deveríamos nos importar em jogar o Melhor de Um?

Os Jogos São Mais Rápidos

O principal motivo é que nem todo mundo tem tempo de sobra para investir mais do que dez a vinte minutos em uma partida. Se você está no transporte público, no almoço, descansando no trabalho ou aguardando em uma fila, ter a possibilidade de jogar uma partida rápida e sem tantas consequências caso tenha de conceder a partida imediatamente é excelente.

É Menos Cansativo

Tanto porque os jogos duram menos quanto porque a ausência de sideboards torna a tomada de decisões menos punitiva, o Melhor de Um requer menos esforço mental por parte dos jogadores quando eles buscam subir nas partidas ranqueadas.

Ele Recompensa Decisões Inteligentes Contra o Metagame

O Melhor de Um tende a recompensar estratégias rápidas e/ou que tenham garantido algum botão de free win. Logo, se faz necessário pensar um pouco fora da caixa para avaliar como lidar com essas situações sem necessitar do uso de opções muito específicas no maindeck que normalmente pertenceriam ao Sideboard.

Um exemplo bem genérico é o caso de Nine Lives, um encantamento que protagoniza um deck de combo com Solemnity onde todo dano causado ao controlador dos encantamentos é permanentemente prevenido, criando um lock permanente. No entanto, um card como o Stomp de Bonecrusher Giant, que não permite prevenção de dano, consegue passar por cima dessa restrição, conseguindo ganhar o jogo por conta própria contra um oponente desatento.

Essa seção tende a variar conforme o formato que você está propondo jogar e quais as estratégias disponíveis nele, mas o Melhor de Um tende a recompensar determinados arquétipos e propostas de jogo em detrimento de outras.

Em uma linha geral, decks rápidos como Aggro ou Combo tendem a obter uma vantagem estratégica até que o restante do Metagame se adapte á eles - aí eles se tornam bem menos viáveis porque todo mundo está usando respostas específicas para lidar com eles. Nesse caso, as melhores opções são aquelas listas que conseguem jogar em torno do hate moderado e/ou aqueles que possuem um plano de jogo altamente adaptável ao cenário ao redor.

Por outro lado, Control tende a ser punido severamente porque não costumam ter a resposta apropriada para tudo numa lista de 60 cartas, e até mesmo nas variantes com Yorion, Sky Nomad, é difícil encontrar todas as opções necessárias no timing certo quando uma parcela considerável do formato está tentando jogar por baixo de você.

Midranges tendem a ser opções decentes caso construídos para lidar com os melhores decks. Normalmente, requerem uma opção mais ampla de respostas de custo baixo contra criaturas para lidar com os Aggros e um pacote de disrupção decente para atrasar os Combos. Porém, pela necessidade de direcionar tantos recursos a essas partidas, eles costumam ser apresados pelos Controls, já que não oferecem um clock tão eficiente contra eles.

Mas como exatamente devemos escolher nossa lista para o Melhor de Um? Existem três regras gerais que costumo seguir.

O Melhor Botão de "Free-Win"

O botão de "free-win" é um termo que uso frequentemente para representar uma determinada jogada que lhe colocará tão á frente na partida que virtualmente lhe ganhará o jogo independente dos eventos que o antecederam. Três exemplos clássicos são Embercleave e Greasefang, Okiba Boss.

Greasefang é hoje um dos melhores decks do Explorer pela sua capacidade de ganhar o jogo tão cedo quanto no segundo turno ao causar treze de dano e deixar dois tokens de Anjo 4/4 na mesa para causar a quantia restante no turno seguinte. Ele é provavelmente a estratégia mais odiada do Melhor de Um hoje porque é a definição pura de vencer um jogo com pouco ou nenhum esforço por parte do seu piloto caso todas as peças se alinhem no timing certo, e dificilmente depende do desenvolvimento da partida para definir sua vitória. Esse mesmo padrão é encontrado em outros cards, como Muxus, Goblin Grandee.

Mono Red Aggro era de longe o Aggro mais eficiente do Melhor de Um no tempo em que Embercleave era válido no Standard, basicamente porque se você seguisse o sequenciamento certo da lista, a menos que seu oponente respondesse com um sweeper nos primeiros turnos, era provável que você jogaria o equipamento por um custo baixo e causaria dano o suficiente para ganhar a partida ou levá-la ao ponto sem retorno onde qualquer burn da sua mão ou topdeck terminaria o trabalho.

Estratégias com essa característica tendem a ser excelentes até que os oponentes comecem a dedicar slots demais a responder eles e/ou estratégias que se apresam desses arquétipos se tornam mais populares. Eles pegam qualquer jogador desprevenido e se apresam de qualquer lista que ouse não respeitar seu plano de jogo.

O Deck Mais Adaptável

Esse espaço normalmente pertence a um Midrange, onde um jogador pode fazer trocas inteligentes no maindeck por peças mais eficientes contra as listas que estão em alta naquele momento.

Em um universo sem sideboards, é necessário entender o momento em que o Metagame está e adicionar ou remover peças conforme necessário. Por exemplo, enquanto Bonecrusher Giant é uma ótima ameaça e também um removal barato, Liliana of the Veil é uma opção mais interessante caso você esteja encarando muitas listas de atrito e/ou que protegem demais suas criaturas contra removals direcionados, como o Auras, por exemplo.

Por ter uma base extremamente sólida e um plano de jogo eficiente, os slots flexíveis dos Midranges tendem a dar espaço para que seu controlador tenha todas as peças necessárias para lidar com decks X, Y e Z, mas em detrimento de talvez perder com mais frequência para decks A, B e C, e exercitar essa leitura do Metagame é essencial no universo do Melhor de Um.

O Deck Mais Rápido

No Melhor de Um, jogar por baixo é muito recompensador. Não só você consegue se apresar as decisões de keep ruins dos seus oponentes, como também pode ter um aproveitamento maior das partidas porque seus jogos tendem a demorar menos para definir quem é o vencedor ou perdedor.

Além disso, Aggros disruptivos como o Humans ou listas de Tempo como o Mono Blue Spirits são opções decentes para punir listas gananciosas enquanto são também mais resilientes em prolongar a partida graças à cards como Curious Obsession e Collected Company ou Adeline, Resplendent Cathar.

O Rogue Eficiente

Decks rogue são aqueles arquétipos não-prevalentes no Metagame e obtém alguns resultados justamente porque ninguém costuma se preparar muito para eles. Exemplos disso são combos que dependem de peças demais como o Song of Creation, ou listas que fizeram sucesso em temporadas do Standard passadas como o Four-Color Ultimatum, ou tribos populares, mas vulneráveis demais a uma parcela significativa do Metagame, como o Elves.

A vantagem dessas estratégias é que assim como o melhor botão de "free-win" ou o melhor Aggro, eles tentam executar seu próprio plano de jogo e cabe ao oponente ser mais rápido e/ou interagir apropriadamente. Caso ele falhe na execução de qualquer um desses dois planos, é provável que seu controlador ganhe o jogo, e como eles não costumam ser populares, nem sempre os jogadores possuem as respostas certas para lidar com eles.

Além da escolha do deck, a postura a ser tomada no desenrolar de uma partida de Melhor de Um difere em alguns pontos em relação ao Melhor de Três, e entender como se portar nelas importa tanto quanto a seleção de cards presentes na sua lista.

Foque No Plano

É difícil identificar qual estratégia seu oponente adotará à menos que ele esteja usando um Companion específico. No Melhor de Um, tentar se basear na possibilidade do que o oponente está jogando para definir seu keep é bem mais punitivo do que no Melhor de Três por razões óbvias.

Portanto, durante seu keep, considere como você poderá executar seu plano de jogo com os cards que lhe foram oferecidos, e quanto mais consistente forem as suas opções nesse caso, é provável que sua mão valha o keep. Mas há uma pequena exceção à regra que devemos considerar em alguns casos:

Se você está pilotando um combo ou se sua mão está meio frágil ou depende demais de uma certa carta, principalmente na draw, é pertinente considerar o impacto que um Thoughtseize no primeiro turno pode lhe causar, porque se sua mão inicial for frágil demais contra esse tipo de interação no early-game, é provável que você perderá múltiplos turnos tentando encontrar novamente a peça descartada.

Valorize o Seu Tempo

Exceto nos grandes torneios, Metagame Challenges e eventos da comunidade, o Magic Arena não valoriza e nem avalia a qualidade das jogadas e sim a quantidade de jogos em que você participa. Há uma máxima de que você inevitavelmente chegará no Mítico se jogar partidas ranqueadas o suficiente, e valorizar o tempo investido nessa empreitada é essencial não apenas para o melhor proveito da plataforma como também para sua saúde mental.

Portanto, evite prolongar demais as partidas pilotando decks que não ganham jogos, como o já mencionado combo de Solemnity com Nine Lives porque você fica à mercê da boa vontade do oponente de conceder o jogo para você, e se ele tiver um out que seja para a sua estratégia, ele irá prolongar a partida até encontrá-la se ele tiver tempo disponível o suficiente para tal.

O mesmo vale para loops infinitos: a menos que eles gerem um processo que eventualmente o levará à vitória imediata, saiba quando pará-los e evitar desperdiçar tempo demais repetindo o mesmo padrão de jogada. Pode ser super divertido criar 255 tokens de Esquilo ou centenas de cópias de Scute Swarm, mas nenhum desses métodos é prático para os fins de jogar a maior quantidade de partidas dentro do seu horário estipulado.

Saiba Quando Desistir

Ainda seguindo a linha de poupar tempo, reconhecer quando o oponente atingiu o ponto sem retorno é essencial em partidas de Magic, e tentar prolongar o jogo quando suas saídas para a situação posta são mínimas ou impossíveis é uma decisão ruim que desvaloriza o seu tempo.

Apesar de haver vantagens em prolongar as partidas no Melhor de Três para se obter mais conhecimento da lista do oponente e de como se portar no próximo jogo, no Melhor de Um essa decisão normalmente envolve encontrar uma carta-chave ou resposta que pode lhe tirar daquela situação, e se seu oponente já estabilizou o plano dele ao ponto de estar muito a frente, são raras as situações onde um topdeck certeiro vai te garantir a partida.

Um exemplo clássico disso é contra Control: se sua mesa está vazia e seu oponente possui um Teferi, Hero of Dominaria em jogo e muitas cartas na mão, a menos que você tenha em sua mão um meio de reverter a posição do jogo matando Teferi e/ou colocando uma grande ameaça no campo de batalha, ele apenas acumulará mais valor em cada turno até chegar na inevitabilidade com a última habilidade do Planeswalker a partir do momento em que desvirar com ele. Nessa situação, prolongar o jogo significa apenas sofrer um pouco mais na mão de um Control e gastar mais tempo que poderia ser melhor aproveitado na partida seguinte.

Reconheça Seus Limites

Lembre-se: Magic é só um jogo e um hobby. E se ele não está sendo proveitoso para você, continue no dia seguinte.

O deck do oponente é irritante? A situação na mesa está desgostosa de se jogar? Todas as suas cartas foram anuladas enquanto estão te batendo com um Mausoleum Wanderer 1/1? Você deu Mulligan para quatro nas últimas duas partidas? Jogou contra aquele combo chato três vezes seguidas? Nesses momentos, questione-se se você ainda está se divertindo. Se a resposta for não, conceder a partida e preservar sua paciência e saúde mental para a próxima é melhor do que se estressar com um momento frustrante.

Dessa forma, você preserva sua boa relação com o jogo, consigo mesmo e com a experiência que você tem quando abre o Magic Arena. Partidas ranqueadas são apenas partidas, e o caminho para o Magic de alto nível é pavimentado de várias maneiras e você não precisa se atrelar ao "sonho do high-level" para aproveitar o jogo.

Respeite seu tempo, sua paciência e suas emoções boas e ruins, e isso vale tanto para o Melhor de Um quanto para o Melhor de Três, seja no Magic Arena ou no tabletop.

Isso é tudo por hoje.

O Melhor de Um traz uma experiência única para o Magic Arena da qual é inexistente no ambiente de tabletop. Sua modalidade de jogo é prática, eficiente, proveitosa para pessoas com maior restrição de tempo e bem atrativa para jogadores mais casuais.

Caso se interesse em conhecer melhor alguns decks e estratégias para esse formato, deixe nos comentários e providenciaremos artigos referentes a ele.

Obrigado pela leitura!