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Pauper: Encontrando um Lar para Monastery Swiftspear

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Monastery Swiftspear provavelmente será o card mais importante de Double Masters 2022 para o Pauper. Mas em quais estratégias ela realmente se encaixa e como podemos construir um deck para ela?

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revisado por Tabata Marques

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A carta mais esperada de Double Masters 2022 e a mais promissora para o Pauper definitivamente é Monastery Swiftspear. Afinal, a criatura originalmente lançada em Khans of Tarkir, em 2014, têm um longo histórico em todos os formatos em que esteve presente e ainda hoje é considerada uma staple das mais variadas estratégias no Pioneer, Modern e Legacy.

Mas como exatamente podemos aplicar seu potencial no Pauper? Em quais decks ela melhor exercerá sua função como um one-drop agressivo com forte potencial de crescimento?

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Essas são as perguntas que pretendo responder com este artigo.

Entendendo Monastery Swiftspear

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Monastery Swiftspear teve, por anos, o posto de melhor one-drop vermelho do jogo pelo seu potencial de exercer uma quantidade absurda de pressão conforme você progride o seu jogo e mantém a mesa limpa. Basicamente, toda mágica de não-criatura que você conjura com ela no campo de batalha significa mais um ponto de dano ao oponente, dificultando a matemática de troca contra outras criaturas ou o quanto o oponente pode se sentir confortável em não bloqueá-la.

Por conta do Haste, Swiftspear não é exatamente um topdeck ruim numa mesa vazia caso o oponente tenha gasto seus recursos removendo suas criaturas, mas ela é um draw terrível quando o oponente tem uma boa posição de mesa com bons bloqueadores já que, até mesmo com uma mágica na sua mão, o corpo 2/3 dela dificilmente sobreviverá ao combate.

Se olharmos para o espectro reativo, Swiftspear troca consideravelmente bem com uma parcela significativa de drops de custo baixo caso você conjure apenas uma mágica. E se, por acaso, sua mágica for um Lightning Bolt ou parecido, você consegue lidar com ameaças de até 5 de resistência numa troca de 2 por 1, ou destruir um 2/2 e ainda causar algum dano ao oponente, ou filtrar sua mão caso a mágica em questão seja uma cantrip em Instant-Speed.

Tais qualidades fizeram com que essa criatura merecesse o espaço nos mais variados arquétipos: Burn, Mono Red Prowess, Boros Heroic, Izzet Delver e Death’s Shadow. E o que todas essas estratégias têm em comum é que são, majoritariamente, proativas.

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Estou usando o Izzet Delver do Legacy como exemplo porque um dos assuntos mais comentados sobre o downshift de Swiftspear é a possibilidade de criar um Izzet Tempo com ela, Delver of Secrets e outras criaturas de custo baixo, procurando usar mágicas como Counterspell para proteção e, apesar de counters serem muito úteis e colaborarem em impedir o oponente de fazer muitas coisas, interagem negativamente com ela e outras ameaças recorrentes desses arquétipos — não significa que você não possa usar Counterspell, apenas que elas são contraintuitivas com o que Monastery Swiftspear se propõe a fazer.

Claro, a versão de Legacy usava Force of Will e Daze, mas não apenas contava também com Sprite Dragon, como também eram free spells e um mal necessário para lidar com as estratégias injustas existentes no formato. No Pauper, você pode precisar de opções para evitar jogadas explosivas ou removals como Spell Pierce ou Dispel, que possuem um custo baixo, e também pode recorrer agora a Izzet Charm, que possui tanto funções proativas quanto reativas, mas eu não consideraria colocar Counterspell num deck que meu one-drop é Monastery Swiftspear.

Em muitos sentidos, jogar com essa nova criatura nos lembrará de como jogar com Kiln Fiend ou Seeker of the Way — inclusive, eles provavelmente a acompanharão nessa jornada pelo universo do Pauper.

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Por fim, outro ponto essencial é entender que, diferente de Kiln Fiend, Monastery Swiftspear nunca deve ser sua principal ameaça, ela é uma adição complementar a algo que a sua lista já propõe e o recompensa por isso dando-lhe um clock mais agressivo. E nesse sentido, ela é mais próxima de Seeker of the Way, onde ele funciona como um meio para o fim de decks como Boros Synthesizer ou Mono-White Heroic, mas nunca será exclusivamente a ameaça que ganhará o jogo por conta própria na maioria das vezes,

Agora que entendemos como a carta funciona, porque ela merece tanta atenção e como evitar construir decks em torno dela, vamos analisar em quais arquétipos ou estratégias ela pode se encaixar. Mas antes de falarmos das listas, gostaria de ressaltar que elas possuem como objetivo servir como ponto de partida para a elaboração de ideias com o novo card, e não exatamente como listas definitivas com as adaptações certas para o Metagame, e você pode alterá-las como bem entender.

Mono Red

O lar óbvio que todos os jogadores consideraram para Monastery Swiftspear inicialmente foram em estratégias Mono-Red, especialmente Burn e Mono Red Blitz.

Mono Red Blitz

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O Mono Red Blitz vem fazendo bons resultados nos torneios nas últimas semanas (inclusive ganhando o último Pauper Challenge), deixando de ser um meme para tornar-se um competidor real no formato graças às inclusões de criaturas como Festival Crasher em Midnight Hunt e, principalmente, pelo alcance extra proporcionado por Reckless Impulse — o Light up the Stage que o formato merece.

Agora, com Monastery Swiftspear, acredito que a necessidade de Burning Prophet ou Kessig Flamebreather deixa de existir e nos permite jogar com algo mais próximo do que o Mono Red Prowess fazia no Modern de 2019, e a mistura de proteção com Mutagenic Growth e Apostle’s Blessing ao lado de mágicas de dano e “free spells” como Manamorphose e Lava Dart definitivamente possibilitam que qualquer criatura da lista se torne uma ameaça, e Swiftspear adiciona também mais consistência a kills rápidas de turno 3 com o sequenciamento certo de mágicas.

Essa é o arquétipo com esse card que você mais deve esperar enfrentar nas próximas semanas.

Burn

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Outra versão que veremos com frequência é o Burn porque Monastery Swiftspear se encaixa perfeitamente nessa estratégia em todos os formatos em que é válida e, no Pauper, ela é especialmente letal porque não só temos o set completo de variantes de Lightning Bolt, como também contamos com Fireblast.

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Para fins práticos, você pode considerar Swiftspear como um Thermo-Alchemist por uma mana que não precisa passar um turno inteiro para fazer coisas absurdas. Ao jogá-la no turno 1, todas as suas mágicas subsequentes causarão 1 de dano a mais enquanto o oponente não tiver bloqueadores e/ou você manter a mesa dele limpa, além do potencial kill de turno 3 que conta com a redundância das suas mágicas de dano para funcionar em mais do que uma ocasião.

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Gruul

Gruul Stompy

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Muito parecida com o Mono-Red Blitz, decidi construir e testar algumas vezes uma versão Gruul por conta do downshift de Might of Old Krosa.

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Muitas pessoas ficariam felizes com um downshift de Become Immense para o Infect e os decks de Kiln Fiend, mas julgo que, para ambos os casos, Might of Old Krosa é muito mais eficiente nos padrões do Pauper e, em relação ao Kiln Fiend, a staple histórica do Infect possibilita um 3-card combo com Temur Battle Rage.

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O verde também oferece boas opções de sideboard e bons meios de proteção, como Snakeskin Veil e Vines of Vastwood. Não creio que ela terá tanto sucesso quanto as versões Mono Red, mas a alternativa de contar com um combo fácil com Kiln Fiend e tornar qualquer criatura sua uma ameaça com Temur Battle Rage e Might of Old Krosa podem ser um diferencial no Metagame certo.

Izzet

Izzet Tempo

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Izzet é uma das combinações mais empolgantes para se jogar com estratégias de Spellslinger em Magic: The Gathering e possui um longo histórico no Pauper, especialmente com o Izzet Blitz.

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Como já mencionado, o downshift de Izzet Charm é outra adição muito relevante porque todas as suas habilidades são úteis nos padrões do formato, já que ainda existem muitas criaturas que morrem para um Shock, enquanto um Spell Pierce lida com decks que procuram maximizar a sua mana para obter card advantage ao conjurar Deadly Dispute e similares.

Na minha lista, optei por seguir uma linha clássica com Delver of Secrets porque todos querem um retorno dele ao formato — algo que, particularmente, não considero viável porque Delver se tornou uma relíquia de outros tempos de Magic e não se encaixa no Metagame atual — enquanto procuro manter a curva de mana extremamente baixa para aproveitar minhas cantrips e removals baratos.

Você pode optar por seguir menos a linha de Blitz a remover Kiln Fiend e Mutagenic Growth em troca de outras criaturas ou mais removals, tal como também pode optar por jogar com outras ameaças como Jeskai Elder, ou ir ainda mais fundo nessa linha e apostar em Manamorphose e outras mágicas ao invés de interação, como o jogador DracV_ pauper_b.

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Boros

Boros possui algumas das bases mais eficientes para mágicas de não-criatura do Pauper e tem um longo histórico com Seeker of the Way. Logo, provavelmente encontraremos alguns lares para Monastery Swiftspear nessa combinação.

Especialmente se quisermos aproveitar outra nova adição que Double Masters 2022 trouxe ao formato.

Boros Heroic

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Criada pelo jogador carvs, mas com uma leve adaptação porque ele está usando uma combinação interessante da qual eu, particularmente, prefiro que ele mesmo mostre ao mundo, o Boros Heroic tem sido considerado desde a revelação do downshift de Tenth District Legionnaire.

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Tenth District Legionnaire anda lado a lado com Monastery Swiftspear nos Heroics do Pioneer, e carvs tenta seguir a mesma proposta com sua versão do Pauper, onde ele troca a velocidade que a variante Mono-White possui por um jogo mais estável, mas ainda explosivo com Temur Battle Rage.

Com Ancestral Anger, Reckless Impulse e Faithless Looting, além do scry de Tenth District Legionnaire, o Boros Heroic consegue se manter na partida mesmo quando suas primeiras ameaças são respondidas, coisa que se prova difícil ao ter acesso a Emerge Unscathed para protegê-las de removals.

O tempo dirá se essa variante terá mais sucesso que o Mono Red Blitz ou se realmente possui o potencial de adentrar ao cenário competitivo, mas com a inclusão de duas ótimas criaturas vermelhas, testes são mais que necessários para chegar à uma conclusão.

Boros Synthesizer

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Outra inclusão razoavelmente óbvia para Monastery Swiftspear é na shell do Kuldotha Boros (ou Boros Synthesizer), onde ela possibilita aberturas mais agressivas que agregam ainda mais ao espectro “aggro” ao lado de Seeker of the Way.

Todos sabemos o quanto existem partidas que o Boros Synthesizer só consegue vencer se conseguir ir para a race e ganhar antes que o oponente estabilize. Essa é a exata proposta que Swiftspear procura entregar e a base de artefatos, removals flexíveis e Kuldotha Rebirth oferecem vários triggers de Prowess, sem contar os bounces de Kor Skyfisher.

Tive dúvidas sobre onde encaixar Monastery Swiftspear nessa lista e acabei optando por remover Glint Hawk (o que deve ser um tremendo erro) porque ainda necessitamos de pelo menos doze artefatos para sacrificar com Kuldotha Rebirth, triggar o Metalcraft e devolver para a mão com Kor Skyfisher — e se minha proposta é jogar mais rápido, eu não quero ter uma criatura que comumente precisará de um setup antes de ser conjurada.

Rakdos

Quando comecei a construir algumas listas de Rakdos, o meu foco era ter como base uma lista que utilizei com frequência entre 2017 e 2018, que se tratava de uma adaptação do Rakdos Monarch, variante de Black-Based muito famosa no Brasil na época, só que mais voltado para mágicas e remoções enquanto eu criava um clock rápido com Kiln Fiend e Gurmag Angler.

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O que eu tentava emular com o Rakdos Fiend era basicamente a mesma proposta que o Jund Death’s Shadow tinha com relação ao Jund tradicional: eu trocava uma proposta de levar a partida pro late-game em troca de um early-game mais explosivo com Kiln Fiend, usando-o não como uma peça de combo (apesar de ainda poder sequenciar duas mágicas + Temur Battle Rage para a vitória), mas com uma ameaça rápida e eficiente numa mesa vazia em uma época onde ter o Monarca e muitos efeitos de 2-por-1 acoplados em mágicas de custo baixo eram uma grande vantagem. Isso tornava meu jogo contra outros Black-Based pior, mas haviam tantos decks que necessitavam de um setup para funcionar que remover uma peça-chave com Duress e seguir com Kiln Fiend + removals normalmente era o suficiente para encerrar a partida antes do oponente se recuperar.

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Mas os tempos mudaram e não parece fazer sentido adaptar essa lista para o Pauper de 2022, onde Gurmag Angler deixou de ser o monstro que já foi um dia, Snuff Out se tornou uma staple e a maioria dos decks vão simplesmente ignorar um Duress nos primeiros turnos porque há tanto card advantage para se acumular que um mísero descarte pontual já não faz diferença.

Se queremos seguir uma rota de Rakdos, precisamos considerar o que essa combinação se apresenta no formato atualmente, e claro que isso nos levaria até Deadly Dispute — e consequentemente até o Affinity.

Rakdos Affinity

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A versão atual do Affinity possui várias mágicas de não-criatura que podem ser aproveitadas com Monastery Swiftspear enquanto o resto do deck age por conta própria, criando uma versão mais agressiva, e até tentei encaixar Lightning Bolt, mas não é necessário com Galvanic Blast e Makeshift Munitions.

Tal como o Boros Synthesizer, jogar com Swiftspear no Affinity não significa precisar rushar ela no turno 1 (mas você pode se sua mão permitir), procurando se aproveitar dos triggers dela quando você tem mágicas para conjurar, e com 22 fontes de draw, não faltarão recursos úteis que podem agilizar o clock com ela.

Não sei até onde ir full-Rakdos e aproveitar Monastery Swiftspear e Experimental Synthesizer é uma opção realmente melhor do que as variantes de Grixis, mas a possibilidade de inclui-la como um novo drop agressivo no Affinity que se aproveita da atual temática e build de poucas criaturas que o arquétipo possui atualmente é digno de se considerar.

No entanto, o Affinity é extremamente sinérgico e ela não contribui em nada para suas sinergias, um problema que também pode a afastar da outra opção viável.

Rakdos Burn

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Tal como na versão Mono Red, Monastery Swiftspear se encaixa perfeitamente em estratégias voltadas para o dano rápido e o Rakdos Burn se encaixa nessa categoria, com um alcance bem maior para partidas mais longas do que a variante monocolorida.

Porém, tudo nesse arquétipo é muito sinérgico e funciona em torno de uma mesma mecânica: descartar coisas para conjurá-las com Madness e tornar de Faithless Looting ou dos tokens de Blood verdadeiras engines de card advantage — objetivo em que ela não interage em absolutamente nada.

Porém, com apenas 8 a 9 criaturas, creio na possibilidade de testar sua inclusão nesse arquétipo, e optei pelo slot de Kitchen Imp, mas também podemos remover Chain Lightning, já que espero muitas mirrors de decks vermelhos no futuro, e a criatura de Modern Horizons II consegue atacar por cima do Affinity e interage melhor com o objetivo da lista.

Conclusão

Monastery Swiftspear definitivamente trará novidades ao Pauper e pode ser a peça central para mais uma mudança no Metagame competitivo do formato. As possibilidades com ela são infindáveis e seus atributos são exatamente o que precisamos para acelerar jogos e estabelecer pressão contra estratégias que levam tempo demais criando seu setup.

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Não acredito que ela tem o potencial de quebrar o Metagame, já que arquétipos como Mono Red Blitz e Burn, que aparentam ser a preocupação dos jogadores, possuem fraquezas fáceis de se tirar proveito a partir dos primeiros turnos — e se pessoas estão colocando 4 Dust to Dust e 3 Revoke Existence para lidar com o Affinity, suponho que podemos abrir algumas concessões e espaço para Hydroblast, Lone Missionary, Weather the Storm, dentre outros.

Mas chegamos num ponto onde um downshift de Skullcrack, ou qualquer efeito parecido que impeça lifegain, não é mais uma opção viável para o Pauper porque, com um one-drop tão eficiente, Burn e outros decks vermelhos necessitam ter essa fraqueza elementar e explorável na maioria das cores para não se tornarem um problema no futuro.

Caso queira ver mais conteúdo de Pauper em Double Masters 2022, fiz um artigo de reviewlink outside website além de comentar o Pauper na edição pelo vídeo abaixo:

Obrigado pela leitura!