Magic: the Gathering

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O Madness e o Legacy: Um deck bom, bonito e barato

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Vamos falar um pouco do Madness, o novo deck aggro que vem se estabelecendo no formato após as profundas mudanças trazidas por MH2

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Olá, jovens!!

Mais uma semana e mais um artigo. No artigo dessa semana vamos falar um pouco do Madness, o novo deck aggro que vem se estabelecendo no formato após as profundas mudanças trazidas por MH2.

Pra quem perdeu, na semana passada eu discuti aquilink outside website algumas várias possibilidades de se contornar o grande bicho-papão do formato pós MH2, Ragavan, Nimble Pilferer. Porém, senão e não obstante, eu cometi uma profunda injustiça e não falei do deck que vem se mostrando o terror dos decks do macaco albino em suas mais diversas variantes.

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É precisamente para corrigir essa injustiça que essa semana vou dedicar todo o artigo ao Madness, que como o nome já indica, se baseia precisamente na mecânica de mesmo nome e em várias diferentes formas de descarte para entupir a mesa de criaturas de todos os tamanhos, cores e sabores.

Se não bastasse isso, o Madness é um deck cuja popularização no MOL é bastante devedora aos esforços de um player brasileiro, o Vicente Mahfuz (MahfuzVanGogh no MOL), que nos concedeu uma breve entrevista sobre o deck que está na íntegra no final do artigo.

O Metagame atual do Legacy

Com pouco mais de um mês e meio do lançamento de MH2 o Izzet Delver está cada vez mais firme como o deck mais jogado do formato. Em uma média ponderada dos dados disponíveis de campeonatos físicos e online dos últimos dois meses, o Izzet Delver beira os 15% do formato.

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Porém, se tomarmos esses mesmos dados e olharmos somente as últimas duas semanas, o Izzet Delver cai para 9% e o Jeskai Ragavan Saga sai de 2 para 6%. O que é fácil de compreender ao se analisar a lista que combina um enorme pack de remoções com 3 Prismatic Ending e 4 Swords to Plowshares a um belíssimo pack de cantrips com 4 Brainstorm, 4 Ponders e 2 Standstill, que muitas vezes funciona como um Ancestral Recall, além de um poderoso pack de counters com 4Force of Will, 4 Daze e 3 Stifle.

Se não bastasse tudo isso, o deck ainda bate com Ragavan Nimble Pilferer produzindo tokens sinérgicos com Urza's Saga e Murktide Regent se alimentando do vasto cemitério produzido por cantrips, counters, remoções e fetchs.

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Ora, nesse field repleto de decks tempo onde as criaturas vêm causando enorme impacto, uma das formas de vencer é sendo mais rápido e povoando o campo de batalha com ainda mais criaturas que seus oponentes, e é precisamente isso o que o Madness faz.

A Evolução do Madness

O Madness começou a fazer resultados no MOL pela primeira vez ainda antes do lançamento de MH2 com o player brasileiro Vicente Mahfuz, o MahfuzVanGogh do MTGO. Vejamos sua primeira lista a fazer 5-0:

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De acordo com o próprio Vicente, o pulo do gato para portar o Madness para o Legacy (o deck em distintas variantes de HollowVine já vem fazendo resultados no vintage a mais tempo - HollowVine é a combinação de Hollow One e Dredgevine, ambas as cartas podem ser abusadas após a ativação de um Bazaar of Baghdad), foi o uso do Putrid Imp.

Essa criatura extremamente recursiva serve ao propósito do beatdown, ao mesmo tempo em que permite triggar todas as cartas do deck que possuem madness; nessa versão, temos Basking Rootwalla, Asylum Visitor e Anje's Ravager.

Por sua vez a mecânica de descarte permite abusar de Hollow One e Vengevine bem como permitir o escape de Ox of Agonas. Para tanto, o deck ainda usava quatro cores, buscando acesso a Faithless Looting e Careful Study.

Talvez a carta mais interessante dessa lista seja o spot removal/dano direto Fiery Temper que permite acelerar o clock e lidar com ameaças.

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Com o advento de MH2 o formato mudou muito. O Madness ganhou a adição de Blazing Rootwalla e logo no primeiro Challenge onde as cartas de MH2 já eram válidas, tivemos um Madness em 12º lugar pilotado pelo player CVXW. Abaixo a lista dele:

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Aqui o deck passa por profundas mudanças e ganha praticamente a sua face atual.

O azul é eliminado e o Madness se torna um deck jund. Seu pack de criaturas ganha a adição de Blazing Rootwalla e Anger o que permite ao deck ser ainda mais rápido e explosivo.

No que tange as spells, o deck passa a contar com Burning Inquiry, que muitas vezes, além de servir para trigar o madness ainda ajuda a descontruir a mão dos oponentes, principalmente os players de combo.

A última adição digna de nota é Once Upon a Time que diversas vezes serve como free spell, o que permite começos de jogo ainda mais degenerados. No mid e no late game OUAT serve para buscar aquela mana que falta para castar Faithless Looting com flashback ou buscar uma criatura para repovoar o board.

No side, Bone Shards se torna uma peça constante que abusa da mecânica de descarte ao mesmo tempo em que permite lidar com planinautas e criaturas. Descartar um Anje's Ravager e matar um Murktide Regent ao mesmo tempo pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.

O Madness vem se estabelecendo cada vez mais como uma opção aggro no novo formato. Prova disso é sua presença constante nos Top32 dos Challenges. Na semana passado o player B-Baka chegou em 5º lugar no Challenge pilotando um Madness:

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O deck vem se tornando cada vez menos intensivo em lands com a maioria das listas atuais usando apenas 14, B-Baka também cortou o terceiro Anger para usar 2 Gamble de main deck, adicionando assim um tutor multiuso com uma aplicação extremamente sinérgica com todas as mecânicas do deck.

No side Bone Shards e Firestorm continuam como remoções, as Leyline of the Void foram substituidas por Faerie Macabre, que também pode ser conjurada, se tornando um ataque evasivo pelo ar ou um blocker contra uma ameaça e Flaring Pain permite evadir de efeitos do tipo Fog, enquanto Pithing Needle ajuda a parar um dos piores matchups do Madness, as variantes de Dark Depths

Com o perdão do trocadilho infame, B-Baka em relação ao Madness está mais para B-Senpai!

Para fecharmos com chave de ouro nossa incursão no reino da loucura, abaixo a entrevista com o homem que catapultou o Madness de um deck fringe para um deck aggro relevante no atual metagame:

Entrevista com Vicente Mahfuz

João: A primeira pergunta que eu ia te fazer e se considerando a versão que fez o top do último Challenge, você considera o Hollow One a pior das criaturas do deck?

Vicente: Sim, na minha opinião é a pior criatura do deck. Se tiver Hollow One, a versão atual terá Anger necessariamente.

João: Você acha que o splash pra azul vale a pena? Vale perder agressividade em um deck tão explosivo pra ter acesso a draw e counter?

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Vicente: Eu fiz um splash para azul antes de MH2, foi a minha primeira versão do deck (4 color), com Careful Study. Acredito que essa primeira versão, com azul, foi a primeira versão do deck que funcionou... ganhei várias ligas com ela e cheguei num top 20 de Challenge. Depois de MH2, prefiro a versão Jund (RGB). Tem opções suficientes para montar o deck, mais agressivas.

João: Qual o melhor e o pior matchup do Madness?

Vicente: Pior MU é Depths... GW, BG, não importa. Pode observar nessa lista do Challenge... não tem removal contra Marit Lage, então você quer ser sempre muito rápido. Na minha lista anterior, pós-side eu colocava 4 respostas somente contra Depths Run Afoul e melhorava bastante quando a mão vinha menos rápida. Melhor são decks azuis em geral, Miracles, Delver.

João: Por falar um Run Afoul e Bone Shards que eu achei fenomenais, o único problema é Cálice, que já pega meio deck, né?

Vicente: Sim, mas não é o fim do mundo. Contra decks que usam cálice você muda um pouco a estratégia de mulligan dependendo se está no draw ou play.

João: As listas lockam 6-7 no side com Leyline e Mindbreak, vi muita gente usando Firestorm que é super sinérgico, você atualmente vem sideando como?

Vicente: Ancient Grudge é muito bom contra Chalice of the Void e geralmente ele vem para um, então o Lion's Eye Diamond fica muito bom. Firestorm é muito bom contra decks de criaturas em geral, ou até contra delver na draw. Minha estratégia de side e mulligan varia bastante dependendo se estou no play ou no draw.

Quando eu desconfio que o oponente vem de Leyline of the Void, por exemplo, se estou no draw, tiro as 4 Vengevine. O deck não precisa do grave para vencer. Já ganhei muitas partidas porque o oponente mulligou atrás de grave hate e eu faço uns Rizowallas + Ravager.

Burning Inquiry é secretamente a carta mais mal usada do deck na minha opinião...

João: Me eduque.

Vicente: Muitas pessoas fazem ela no t1, mesmo quando há melhores opções. Por exemplo, uma mão com Burning Inquiry como única forma de descarte é uma mão ruim. Agora, se você tiver um LED em campo, ou 1-2 lands, fazer Inquiry é uma maravilha.

João: Deve ser uma delícia de fazer Burning Inquiry com 2 bichos com madness na mão e comprar Hollow One.

Vicente: Sim, é ótimo mesmo. Inquiry geralmente é muito bom contra combos, com um pouquinho de sorte você ganha de Storm, Show and Tell e Doomsday. É ótimo ver o oponente descartando o combo. Inquiry é especialmente boa no turno 2, se puder esperar... Faithless Looting ou Putrid Imp são melhores no t1.

João: O deck parece ser absurdamente divertido. Para quem estiver te lendo em casa, além de ser possivelmente o único deck competitivo do formato por 200-250 tix, por que as pessoas deveriam jogar com ele?

Vicente: O deck é muito divertido mesmo e ensina outras lógicas de jogo, chega a ser educativo. Não basta apenas sair descartando a mão e bater, depende muito da situação de jogo e possibilita muitos questionamentos interessantes.

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Quando eu construí as primeiras versões, minha principal ideia era testar uma versão HollowVine para o Legacy que fosse competitiva (no Vintage já é faz tempo). Como não temos Bazaar of Baghdad, testando o deck percebi que o caminho mais natural seria ampliar as cartas com madness. Vi algumas listas de Moon Stompy usando o Anje's Ravager, mas faltavam bons enablers (as tentativas mal-sucedidas de alguns streamers geralmente eram de listas mono red, com Burning Inquiry e Faithless Looting ou RG). Como eu vinha de muita experiência com o Dredge no Legacy, incluindo vitórias em Challenges, sabia da força do Putrid Imp - ninguém havia testado uma lista com preto antes.

Aí as peças foram se encaixando e hoje não se joga com menos de 3 ou 4 Imps no deck. Além de ser um mini-combo com Rizowalla + Vengevine (com sorte, Hollow One também). Ah, o deck vai funcionar muito bem em qualquer ambiente com múltiplos decks Delver, Miracles e Death & Taxes, como costuma ter no Brasil.

João: Obrigado demais pela ajuda.

Vicente: Legal! Boa escrita!

Conclusão

O Madness é uma das opções mais baratas do MOL, custando em média entre 200 a 250 tix. Um dos decks aggro mais bem posicionados no atual formato e, além de tudo, uma delícia de jogar. Um deck que desafia o player o tempo todo e recompensa aqueles que vencem a sua curva de aprendizado.

Se você gosta de jogar de forma agressiva em um deck que abusa da combinação da mecânica de descarte com a recursividade de criaturas que podem entrar no campo de batalha de diferentes formas, então talvez o sussuro da loucura esteja te chamando.

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