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Deck EDH: Uma Kaalia of the Vast como você nunca viu

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Conheça uma versão pouco ortodoxa, envolvendo o efeito de permuta de vida, de uma das generais mais emblemáticas do Commander.

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Desde o momento que veio ao mundo em 2011, Kaalia of the Vast tem sido um dos generais mais emblemáticos do Commander. Ela havia sido desenhada para basear um tipo específico de deck, que unisse tudo o que existe de melhor em anjos, demônios e dragões. No entanto, esta não seria exatamente a abordagem escolhida por mim em 2016 quando decidi que queria fazer um deck com este comandante fantástico.

A seguir, confira a minha versão de deck Commander com Kaalia of the Vast!

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Origem do Deck

Por volta de 2014, a ideia de um novo deck veio a minha mente. Ela surgiu de uma jogada que imaginei com Repay in Kind, um card que eu tinha em minha coleção já há um bom tempo mas que nunca havia encontrado uma utilidade.

A jogada consistia em conjurar o feitiço quando eu estivesse com meus próprios pontos de vida zerados para eliminar todos os jogadores. Eu seria a única exceção, obviamente, pois estaria protegido por um efeito que me impedisse de perder com 0 PVs. Phyrexian Unlife era o que eu tinha em mente, mas eu sabia existirem várias outras opções possíveis. Eu não queria depender de uma única carta, então tratei de pesquisar por outros cards que tivessem uma capacidade parecida de permutar totais de pontos de vida.

Encontrei quatro delas: Reverse the Sands, Soul Conduit, Magus of the Mirror e Mirror Universe. Com exceção deste último (que pertence a famigerada Lista Reservada), todos eram relativamente baratos e conseguiria adquiri-los facilmente, confirmando assim o que eu queria saber: sim, um deck de permuta de vida era possível.

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Passei então a pensar nos temas de apoio, pois minha ideia era montar um deck com um plano de jogo inusitado, algo que meu playgroup não esperasse na época. Inicialmente, decidi saturar o deck com todas as melhores formas possíveis de se evitar a derrota: Phyrexian Unlife, Soul Echo, Platinum Angel e Angel’s Grace.

Depois escolhi alguns cards com efeitos úteis que me permitissem pagar pontos de vida indefinidamente, como Necropotence, Hatred e Toxic Deluge para eu poder diminuir meus PVs até a quantidade que fosse mais conveniente pra mim no momento. Outros cards também poderiam minar meus próprios pontos de vida aos poucos, como as Pain Lands, Shock Lands, etc.

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Ainda assim, todos os efeitos de permuta de vida (que até então eram as principais condições de vitória) exigiam muita mana e a maioria era telegrafada. Isso tornava a estratégia bastante vulnerável à respostas. Qualquer remoção em Phyrexian Unlife, Platinum Angel ou o que quer que esteja me mantendo vivo me faria perder o jogo, isso sem contar nas anulações (embora Boseiju, Who Shelters All ajude um pouco com isso).

Eu não estava feliz com essa possibilidade e queria ter alguma chance de continuar respirando em situações como estas; por isso decidi que o deck deveria ter maneiras de também resetar meus PVs caso as coisas saíssem de controle. Assim cards como Worship, Children of Korlis, Tainted Sigil e outros efeitos de ganho de vida em instant speed receberam seu espaço.

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Os temas principais do deck estavam prontos, mas ainda faltava algo imprescindível: um comandante. A esta altura estava claro que o deck precisa ser Branco e Preto. Então dentre as opções disponíveis na época eu decidi por Selenia, Dark Angel. Ela parecia perfeita pela sua habilidade com custo em pontos de vida que poderia ser ativada indefinidamente servindo como mais uma das possíveis peças do combo. A lista que joguei durante um bom tempo desde então foi algo próximo a isto:

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Hoje em dia esse tipo de deck (baseado em permuta de PVs) é bastante esperado para Selenia, mas há alguns anos não era algo tão comum. Eu cheguei a surpreender alguns amigos jogando com ele, mas não chegava a ser nada tão eficiente. O deck era pesado e as condições para o combo eram difíceis, embora não se precisasse de muitas peças. Ainda assim era divertido pra mim, pois gosto de estratégias diferentes, então decidi não desmontá-lo.

No entanto, algo sempre me deixou inquieto com este deck. Eu sentia que ele poderia ganhar muito se recebesse a adição do vermelho. Algumas cartas me faziam acreditar nisso... Cinco cards, na verdade: Treasonous Ogre, Fire Covenant, Form of the Dragon e Moltensteel Dragon.

Eu queria ter a oportunidade de usá-las em uma estratégia Life Exchange, então despretensiosamente comecei a pesquisar maneiras de splashar uma terceira cor e transformar o deck em Mardu. Era perfeitamente possível e nem um pouco difícil, na verdade. O maior problema para mim era trocar de comandante. Por mais que este fosse um deck construído de baixo para cima (quando a estratégia não se desenvolve a partir do comandante, mas sim de interações de cards que estarão entre as 99) a ideia de substituir Selenia, Dark Angel — um card que exerce uma função realmente útil no plano de jogo — por um comandante Mardu qualquer cuja única serventia seria dar acesso às cores me incomodava bastante.

Eu não queria um general que apenas enfeitasse a Zona de Comando; isso ia contra o meu código moral no EDH. Então eu não tinha outra opção a não ser modular meu deck para se adequar ao comandante que fosse entrar, o que poderia significar adicionar um ou dois subtemas e torná-lo um pouco mais inchado. Teria que abrir espaço para cartas que provavelmente estariam ali para dar algum propósito para o comandante. Não era uma decisão tão simples.

Comecei então a procurar pelo comandante Mardu que me permitisse alterar o mínimo possível do deck original. Não haviam muitas opções na época: estamos falando de 2015/16, o bloco de Kahns of Tarkir já havia abastecido o metagame com alguns comandantes Mardu, mas a maioria esmagadora ainda era cards quase que totalmente orientados para o combate. Alesha, Who Smiles at Death, Zurgo Helmsmasher, Oros, the Avenger, combinações de Partners... e Kaalia of the Vast, claro.

Kaalia era a mais “modinha” de todas e não era minha primeira nem segunda opção, já que o deck dela era muito manjado. Todos fazem da mesma forma por que não tem mesmo outra forma de se jogar com ela, a não ser reunir os melhores anjos, dragões e demônios que puder em um deck altamente agressivo. Algumas tecnologias como as combinações de Kaalia com Rakdos the Defiler ou Master of Cruelties podiam tornar o deck mais letal, mas ainda assim previsível. A alta popularidade e saturação desta comandante fazia com que ela fosse menos interessante à proposta de um deck que fosse inusitado e diferente, então ela acabou passando despercebida por mim inicialmente.

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Até eu notar um fato curioso: muitos cards que eu já usava ou poderia usar eram anjos ou demônios, como Platinum Angel, Resolute Archangel, Exquisite Archangel, Kuro, Pitlord, Bloodgift Demon, Rune-Scarred Demon. Era uma quantidade ainda pequena para se justificar o uso de uma Kaalia of the Vast, mas com alguns ajustes o deck poderia assumir a forma onde o comandante fosse capaz de ter algum protagonismo e quem sabe até acelerar a estratégia principal do deck.

Assumi a ideia, fiz as adaptações e no fim deu certo! O deck se tornou potencialmente mais agressivo, e embora ainda fosse um deck de Kaalia of the Vast, ele não se limita apenas às jogadas convencionais do comandante já que tem o combo de Life Exchange. Desde então, mantive ele montado e venho o atualizando sempre de olho em qualquer anjo, dragão ou demônio interessante que apareça. A lista atual está assim:

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Conceito, Características e Plano de Jogo

Unlife Exchange é um deck com algumas linhas diferentes de combo envolvendo efeito de permuta de vida. Ele utiliza de cards que oferecem “salvaguarda contra morte” (especificamente Angel’s Grace, Platinum Angel, Phyrexian Unlife e Soul Echo) para permitirem que você consiga alcançar 0 ou menos pontos de vida sem perder o jogo para então trocar seu total de PV com outros jogador, fazendo-o perder o jogo.

A condição dos 0 PVs pode ser atingida de forma abrupta (com a ajuda de habilidades de “pague X pontos de vida”) ou cadenciada (a medida que se perde PVs naturalmente ao longo da partida). Em alguns casos, é possível reduzir os próprios PVs até uma quantidade baixa, porém maior que 0, permutá-los com outro jogador e então eliminá-lo atacando com uma criatura, ou causando dano direto com Boros Charm ou outro card.

Exemplos de linhas de Exchange:

- Phyrexian Unlife + Necropotence + Repay in Kind = todos os oponentes perdem o jogo.

- Soul Echo + Toxic Deluge + Reverse the Sands = um oponente à sua escolha perde o jogo (e você escolhe o total de PVs que mais lhe convém).

- Angel’s Grace + Kuro, Pitlord + Soul Conduit = Um oponente a sua escolha perde o jogo.

Contra anulações, o deck utiliza Boseiju, Who Shelters All. Existem outros terrenos que exigem o pagamento de vida, logo é preciso considerá-los no cálculo quando for encaixar o combo (não é possível virar um Boseiju para gerar mana se você não tiver pelo menos 2 PVs para pagar).

Alternativamente a estes combos, o deck utiliza as duas jogadas clássicas de Kaalia of the Vast:

- Kaalia of the Vast + Master of Cruelties = não havendo bloqueadores, o jogador defensor perde o jogo.

- Kaalia of the Vast + Rakdos the Defiler = sem drawback para você. O jogador defensor sacrifica metade de suas permanentes.

Ambas as jogadas só funcionam se os demônios forem postos em campo da mão com a habilidade da Kaalia. É possível repetir o feito sacrificando o demônio com Razaketh, the Foulblooded e devolvendo-o do cemitério com Phyrexian Reclamation.

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Outra maneira de se eliminar um jogar com um ataque é a seguinte:

- Kaalia of the Vast + Hatred (pagando 19 de vida) = 21 de dano de comandante em um oponente.

Todas estas condições de vitória são lentas, exigindo alguma dose de administração de recursos nos turnos iniciais do jogo. O deck não dispõe de uma quantidade suficiente de anjos, demônios e dragões para que assuma uma postura pró-ativa desde o early game como a maioria dos decks de Kaalia of the Vast fazem, portanto, a melhor abordagem é utilizar de interações nos primeiros turnos enquanto se busca as peças do combo. Ainda assim, a comandante pode ser ameaçadora e impor bastante pressão aos oponentes enquanto permanecer em jogo.

No entanto, a real função de Kaalia é a de acelerar um pouco seu jogo baixando criaturas que, além de bombas, são utilitárias no deck, como Razaketh, the Foulblooded, Doom Whisperer e Vilis, Broker of Blood, além de servir como chamariz e desviar a atenção de seus oponentes do real perigo deste deck que são os combos de Exchange.

Pontos Fortes e Fracos

A melhor qualidade deste deck é, sem dúvida, sua resiliência. Apesar do comandante possuir um alvo na testa, o deck dispõe de ferramentas para minimizar as consequências de uma perda de pontos de vida massiva, até o ponto de se beneficiar disso. Cartas como Vilis, Broker of Blood e os próprios efeitos de permuta de pontos de vida desencorajam seus oponentes a puni-lo com ataques pontuais. Além disso, o deck depende pouco do comandante, permitindo uma certa tranquilidade ao se jogar normalmente não vista em outras versões de Kaalia of the Vast.

Seu lado negativo é que, embora ainda seja possível surpreender oponentes desavisados, todas suas linhas de vitória são lentas e telegrafadas além de dependerem de uma dose alta de risco. O deck é feito para trabalhar com quantidades críticas de PVs e um descuido pode colocá-lo numa situação bastante complicada. Não será raro você precisar se manter com 5 ou menos pontos de vida, enquanto busca uma forma de vencer (ou simplesmente não perder por um espirro).

Cards a Considerar

First Response - Retirada recentemente para dar lugar à Enduring Angel // Angelic Enforcer. Foi utilizada por mim durante um bom tempo e foi um card cuja utilidade me surpreendeu. A quantidade de Pain Lands no deck permite que fichas sejam criadas em todas as manutenções com facilidade. Essas fichas são úteis como bloqueadores, mas principalmente como buchas de sacrifício para Razaketh, the Foulblooded — um dos principais tutores.

Bolas’s Citadel - Estive tentado a usá-la no deck desde que foi lançada em War of the Spark. A única razão de ainda não ter testado esse card aqui é porque ainda não o tenho.

Font of Agonies - Uma ótima remoção recorrente para o deck.

Profane Transfusion - Um reforço para o deck vindo da totalmente excelente coleção Commander Legends. Apesar do alto custo, tenho certeza que existe espaço para este card no deck.

Magus of the Mirror - Uma das peças que integravam o deck de Selenia, Dark Angel, mas que acabou perdendo o slot depois da troca do comandante. O Magus é o mais condicional dos cards de permuta de PV disponíveis por conta de só poder ser ativado na manutenção. Se pelo menos ele fosse um demônio ou anjo, até daria pra mantê-lo.

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Conclusão

Espero que tenham gostado da minha versão não tão ortodoxa de Kaalia of the Vast. Este deck me trouxe e continua trazendo muita alegria e espero que você também tenha se divertido com este deck tech.

Obrigado pela leitura e bons jogos! Qualquer dúvida, estou à disposição nos comentários!