Magic: the Gathering

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Pauper: Onde está o ban?

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Com seis semanas desde o lançamento de Modern Horizons II, o Pauper se encontra absolutamente polarizado entre dois decks, e isso leva a comunidade a uma única pergunta: Where is the ban?

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revised by Tabata Marques

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O Pauper tem estado num estado péssimo durante as últimas seis semanas, possivelmente vivendo o pior e mais polarizado Metagame que o formato já enfrentou nos últimos anos.

Após estes árduos 45 dias, nas últimas semanas temos visto cada vez mais repercussão por parte da comunidade, uma questão foi repetida diversas vezes nas redes sociais: Where is the ban?!

Neste artigo, eu gostaria de dedicar meu tempo a procurar elucidar um pouco o que está havendo com o formato hoje, analisar as soluções e os rumos que poderiam ser tomados, por quais motivos a Wizards está demorando tanto para apresentar a solução para o problema, e o que pode (ou não) ser feito pela comunidade.

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O Problema

Modern Horizons II trouxe diversas cartas interessantes e com um power level mais elevado para o universo dos formatos competitivos, cartas que passaram a tornar-se indispensáveis para os formatos de alguma maneira. Hoje, é bem difícil imaginar um deck de Delver do Legacy sem Ragavan, Nimble Pilferer ou um Hammer Time do Modern sem Urza’s Saga ou um deck preto sem Dauthi Voidwalker, essas cartas se tornaram imprescindíveis para o cenário competitivo do jogo.

Como jogador dos mais diversos formatos e como criador de conteúdo, confesso que Modern Horizons II foi, até o momento, a edição mais empolgante que saiu em 2021, e uma escolha sábia e muito bem aplicada por parte da empresa de criar uma coleção que pudesse impactar todos os formatos eternos, enquanto mantém o seu formato-pôster, o Standard, saudável e sem a presença de estratégias significativamente opressivas.

Jogar com as novas cartas, escrever sobre elas, fazer análises de um Metagame inteiramente novo, ver como cada formato se adapta e quais decks surgem com as novidades desse set foi muito empolgante e, em geral, apesar das controvérsias envolvendo Ragavan, Nimble Pilferer e Urza’s Saga no Legacy ou o debate ainda mais acalorado sobre Mishra’s Bauble ter se tornado um card ainda mais eficiente com MH2, estes formatos parecem se adaptar enquanto receberam o empurrão necessário para tornar deste produto um sucesso de vendas e uma aquisição obrigatória para qualquer jogador de formatos eternos.

Mas, infelizmente, o impacto de Modern Horizons II tem sido desastroso para o Pauper e os vilões por trás do estado miserável do formato hoje possuem nome:

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Desde que a carta foi revelada na temporada de spoilers, todo mundo sabia que Chatterstorm seria um problema no Pauper porque a mecânica tem sérios precedentes ruins no formato ao ponto de que as demais cartas com Storm que podem ganhar o jogo por conta própria são banidas faz anos.

Como eu mencionei neste artigolink outside website, o grande problema de Chatterstorm é que o formato possui todos os meios necessários para fazer ela e qualquer outra mágica de Storm funcionar de maneira efetiva, com consistência e velocidade a ponto de vermos jogos terminando ainda no turno 2.

Não fosse o suficiente, os decks de Storm são decks muito difíceis de interagir no Pauper, a menos que você esteja jogando com Blue-Based decks ou Black-Based decks com slots dedicados a isso, qualquer outro deck possui como melhor opção simplesmente ignorar o que o Storm está fazendo e tentar ganhar através da race.

Porém, mesmo que você consiga responder ao primeiro Chatterstorm com Echoing Decay ou qualquer outra mágica, o deck ainda consegue manter um nível de consistência absurdamente alto em fechar o combo repetidas vezes utilizando Galvanic Relay, que essencialmente “compra” um card para o arquétipo no turno seguinte para cada mágica que ele fez, permitindo-o cavar extremamente fundo no deck e ter elementos o suficiente para fazer uma segunda ou até terceira onda de esquilos.

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Do outro lado, temos o Affinity.

O Affinity esteve presente, essencialmente, desde a concepção do Pauper, e sempre foi um competidor no formato.

Porém, sua maior fraqueza no formato sempre foi que, muitas vezes, jogar de Affinity era como brincar de roleta-russa.

O deck continha uma manabase inconsistente, que era muito dependente de cartas como Prophetic Prism e Chromatic Star para funcionar da melhor maneira, criando um deck que tinha a possibilidade de jogar muito rápido e estabelecer uma pressão muito grande muito cedo, mas que sofria para a sua própria inconsistência e muitas vezes perdia “de graça” meramente porque o deck não funcionava da maneira que deveria.

Além disso, o Affinity operava no Pauper de maneira similar a um deck como o Dredge do Modern, como uma tática que se apresava significativamente da falta de preparo nas listas dos oponentes para lidar com o deck.

Logo, quando os oponentes começavam a jogar com sideboards mais dedicados como Shenanigans e Gorilla Shaman, o deck era mantido em cheque por conta da sua altíssima vulnerabilidade a hates eficientes.

Com Modern Horizons II, o arquétipo ganhou as novas duais artefatos, terrenos que permitem ao deck construir sua manabase de maneira eficiente e, como um bônus, são indestrutíveis, invalidando dessa maneira algumas das principais maneiras de derrotar o arquétipo, que era atacando as suas lands com Gorilla Shaman.

Além disso, o arquétipo ganhou Sojourner’s Companion, uma versão melhorada de Myr Enforcer que ainda permite ao deck também corrigir sua manabase se assim for necessário.

A consequência da inclusão desses cards no formato foi transformar o Affinity num deck extremamente consistente, redundante, que cria uma posição de mesa superior a de qualquer outro deck rapidamente e conta com diversos elementos que essencialmente “trapaceiam” com seus custos de mana reduzidos, além de possuir também um combo-kill eficiente recorrendo a Atog + Fling ou Temur Battle Rage, cartas que dificilmente são inúteis separadas porque interagem muito bem com o resto do deck.

Os fatos

Magic é um jogo com muitas opiniões pessoais, todo mundo tem uma visão particular e ideal do seu formato favorito, de que cartas deveriam ser utilizadas ou não, do que deveria ser banido, etc.

Por exemplo, eu sou uma pessoa que particularmente acredita que o Pauper, em seu estado pré-MH2, necessitava de algumas correções significativas em diversos aspectos para fazer com que o formato não fosse tão polarizado em cima de mecânicas de grind óbvias como o Monarca e Bonder’s Ornament, mas isso era uma opinião voltada no meu desagrado em particular com um formato de jogos que são unilateralmente decididos por quem acumula mais Card Advantage, criando estados de mesa cansativos para ambos os jogadores.

Da mesma maneira, eu adoro jogar com decks explosivos e/ou quebrados que possuem um botão de “free-win” ou uma quantidade abundante de interações que demandam alto desempenho com a lista para ser efetiva. Não é à toa que alguns dos meus decks favoritos do Pauper incluem Izzet Drake, Dimir Delver e Jeskai Astrolabe.

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Tenho jogado, na maioria das vezes, de Storm nas partidas de que joguei Pauper nos últimos 47 dias, e os elementos de “quebra-cabeça” que o deck oferece e a matemática necessária para combar sucessivamente, saber quando você deve se estender com um Galvanic Relay ou não, entre outras coisas, são elementos que me fascinam num deck.

Mas não é porque eu gosto de jogar com um arquétipo ou, porque não gosto do formato de um jeito específico que significa que minha opinião é um fato.

Portanto, vamos apresentar os fatos que comprovam o problema, e para isso estarei utilizando as estatísticas apresentadas pelo site Mind Gearslink outside website referente aos Pauper Challenges de Junho de 2021:

Image content of the Website

Juntos, o Affinity e o Storm possuíram uma média de 35% do Metagame dos Challenges de Junho, com uma winrate média de 53 a 55%, seguidos pelo Dimir Faeries e o Dimir Delver, com 20% do Metagame e uma winrate de 52%.

Os demais decks aparecem numa quantia significativamente menor no Metagame, essencialmente tornando do Pauper um formato de 3 arquétipos, com outros decks ocasionalmente aparecendo no Top 32 ou Top 8 dos eventos, mas sem quantidades expressivas.

Agora, veja o Metagame de um dos eventos mais importantes que ocorreram no mês de Junho: O ManaTraders Series.

Image content of the Website

O evento registrou um Metagame onde 65% do formato era composto por um dos dois arquétipos. E se olharmos apenas o Top 32 dos Challenges, a história não é muito diferente.

Segue abaixo (por extenso, já que sou de letras e não sou bom em produzir gráficos) a porcentagem de ambos os arquétipos no Top 32 dos Challenges desde o dia do lançamento de Modern Horizons II:

12 de Junho

Affinity: 21.88%

Storm: 9.38%

Boros Bully: 15.62%

Dimir Faeries: 15.62%

Outros: 37.48%

13 de Junho:

Affinity: 28.12%

Storm: 12.50%

Dimir Faeries: 15.62%

Jund Cascade: 9.38%

Outros: 34.35%

19 de Junho:

Affinity: 37.50%

Storm: 25.00%

Dimir Delver: 15.62%

Grixis Cacade: 9.38%

Outros: 12.48%

20 de Junho:

Affinity: 31.25%

Storm: 31.25%

Dimir Delver: 15.62%

Outros: 21.85%

26 de Junho:

Affinity: 40.62%

Storm: 25.00%

Dimir Delver + Dimir Faeries: 21.88%

Outros: 12.49%

27 de Junho:

Affinity: 9.38%

Storm: 28.12%

Dimir Delver: 21.88%

Outros: 40.58%

3 de Julho:

Affinity: 28.12%

Storm: 21.88%

Dimir Delver + Dimir Faeries: 15.63%

Jeskai Ephemerate + Jeskai Metalcraft: 12.50%

Outros: 21.86%

4 de Julho:

Affinity: 31.25%

Storm: 28.12%

Burn: 9.38%

Outros: 31.23%

10 de Julho:

Affinity: 34.38%

Storm: 18.75%

Tron: 9.38%

Dimir Delver + Dimir Faeries: 9.38%

11 de Julho:

Affinity: 25.00%

Storm: 31.25%

Dimir Faeries + Dimir Delver: 12.50%

Tron: 9.38%

Outros: 12.50%

O que vemos é que, exceto pela primeira semana da coleção no formato, e um evento onde o Affinity esteve em baixa ou não fez resultados expressivos, esses dois arquétipos juntos compõem mais de 50% do Top 32 dos Challenges consistentemente, enquanto o único deck que consegue competir consistentemente contra eles são os decks Dimir, principalmente por incluírem grandes respostas de maindeck contra o Storm como Echoing Decay e Echoing Truth, e boas remoções contra o Affinity, como Snuff Out e Cast Down.

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Outros decks conseguem aparecer numa quantidade consistente, mas definitivamente não com a mesma proporção com a qual esses três arquétipos e, principalmente, Affinity e Storm conseguem.

Como um comparativo, quando Peregrine Drake foi banido do formato, em 16 de Novembro de 2016, o arquétipo estava compondo cerca de 22% do Metagame. E apesar de nenhum dos decks apresentar exatamente este número, eles não apresentam uma diferença significativa, já que o Affinity compõe uma média de 19.5% do Metagame geral do formato, e o Storm uma média de 16.5%.

Com dois decks compondo mais de 35% do Metagame geral e mais de 50% do Top 32 de praticamente todos os Challenges, acredito que fica óbvio concluir que o formato está quebrado, polarizado e definido por dois decks, com um terceiro tendo algum sucesso em responder ambos, enquanto os outros lutam para ter alguma posição no formato.

A Solução

A realidade dura e cruel é que existe somente um jeito de resolver este problema: Banir.

Eu sou uma pessoa que costuma advogar frequentemente contra banimentos, principalmente porque acredito que a comunidade de Magic se acostumou com banimentos mais frequentes e agora procuram banir qualquer coisa que os desagrada ou que simplesmente não gostam.

A maioria da comunidade não entendeu exatamente como a natureza da banlist ser uma ferramenta reguladora funciona atualmente, portanto, sempre procuro ficar na vanguarda de “evitar banimentos sem necessidade” até que seja provado de maneira fatual e estatística que os cards/decks em questão são problemáticos para o formato.

Porém, dado os fatos apresentados acima, é inegável que o Storm e o Affinity precisam ser enfraquecidos de alguma maneira, e a única maneira viável para isso é banir cartas de ambos os decks para enfraquecê-los.

Storm

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No caso do Storm, a escolha é óbvia: Chatterstorm precisa ser banido. Não tem um jeito de enfraquecer o arquétipo sem banir cinco ou mais cartas que compõem o deck, cartas que pagariam o preço por outro card mais recente que simplesmente nunca deveria ter saído como uma carta comum.

Já está comprovado que o Pauper possui uma base eficiente demais para o arquétipo enquanto possui poucos ou nenhum meio dos decks responderem ao arquétipo a altura no tempo certo, já que o Storm é um deck rápido, consistente e redundante na maioria das vezes.

Com a grande maioria dos decks não conseguindo responder a tempo e precisando apostar num plano de tentar ganhar o jogo antes do oponente, fica claro que Chatterstorm ou qualquer outra carta de Storm que possa ganhar o jogo sozinho não deveria existir no formato.

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Apesar de não ser um card que ganha o jogo sozinho, é possível que banir Galvanic Relay seja uma possibilidade, mas jamais optaria por bani-lo ao invés de banir Chatterstorm.

Galvanic Relay é essencialmente uma engine de card advantage poderosíssima para decks que conseguem jogar múltiplas mágicas num único turno por um custo muito baixo, e isso pode criar situações perigosas onde outros decks abusam do card para gerar uma quantidade absurda de valor em um único turno.

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Por outro lado, Galvanic Relay habilitaria outros decks de “Storm” que, possivelmente, não seriam tão opressivos quanto os decks de Chatterstorm por serem mais fáceis de se responder universalmente, como decks utilizando Serpentine Curve, Kiln Fiend ou Firebrand Archer.

Affinity

O caso do Affinity já é bem mais sensível e complicado, pois a sua predominância não se trata unicamente de um card, mas de um conjunto completo que torna do deck uma verdadeira máquina de ganhar jogos que muitas vezes parece ter se tornado injusta de se jogar contra, já que a posição na mesa dele sempre será superior a qualquer outro deck agressivo do formato e seu card advantage e linhas de combo dão ao arquétipo ângulos demais para atacar.

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Vamos começar com Sojourner’s Companion.

Se este card for banido, o Affinity perde a redundância de ter oito criaturas 4/4 que podem entrar de graça na mesa, isso faria com que o deck perder algumas de suas jogadas explosivas, jogadores substituiriam Sojourner’s Companion por outras opções como o retorno de Frogmite, Etherium Spinner, ou Gearseeker Serpent, ou até mesmo algum outro card menos utilizado como Somber Hoverguard.

O deck seria menos explosivo, mas ainda manteria toda a sua consistência e precisaria apenas de algumas mudanças para continuar dominando o Metagame.

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E se banirmos as duais artefato, ou pelo menos Silverbluff Bridge?

Se as duais artefato fossem banidas, outros decks seriam prejudicados. Temos visto listas utilizando dessas lands para criar algumas interações com Cleansing Wildfire e Geomancer’s Gambit, tornando-os alguns dos ramps mais eficientes que existe no formato e dando ótimas utilidades de maindeck para cards que são ótimas respostas para os decks de Big Mana como o Tron, ou decks que utilizam Utopia Sprawl.

Se banirmos apenas Silverbluff Bridge, o arquétipo possui muita facilidade em splashar outras cores, podendo apenas substituir o terreno azul e vermelho por um número de terrenos de outras combinações de cores para sustentar um splash mais eficiente.

Portanto, talvez seria o momento de olharmos para alguns cards mais antigos ou combinações específicas de cards?

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Atog é um card que esteve presente no arquétipo desde sempre e, portanto, não deveria ser um problema agora, certo?

Errado.

Atog é um card que concede ao Affinity a oportunidade ter o seu botão de “free-win” em absolutamente diversos momentos do jogo e se trata de uma ameaça da qual você precisa respeitar e precisa responder assim que cair na mesa ou poderá ganhar o jogo sozinho quando você não interagir com ele, além de que seu combo com Fling ou Temur Battle Rage permite ao deck voltar de diversas situações de jogo desfavoráveis e criam um sentimento frustrante ao oponente, já que com a quantidade certa de artefatos na mesa (e o Affinity é um deck que obviamente consegue fazer isso em poucos turnos), este combo funciona como um Splinter Twin.

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Obviamente, não adiantaria pensar em banir Fling ou Temur Battle Rage, já que existem cards com funções parecidas, ou até iguais, no formato.

Por fim, um ponto importante de se notar é que, nas versões mais tradicionais do deck (Izzet), o plano de jogo promovido por um Atog sem Fling é significativamente contraprodutivo com o que o resto do deck procura fazer: você quer aumentar a quantidade de artefatos na mesa para ter mais interações e meios de conjurar suas mágicas de graça, e Atog, fora do combo, tecnicamente lhe diz para fazer o oposto, e utilizar seus artefatos como recursos.

A mesma afirmação não pode ser feita quanto ao Grixis Affinity, já que este tira proveito da interação de Atog com Disciple of the Vault para obter mais alcance no jogo, além de se apresar da mirror match.

Portanto, banir Atog é uma opção viável, pois removeria do deck a possibilidade de um combo que ganha o jogo por conta própria, muitas vezes sem considerar a situação da mesa ou a vantagem que o oponente pode ter contra você.

Este banimento tornaria do plano de jogo do deck mais linear, algo que poderia favorecer os oponentes já que poderiam dedicar seu jogo apenas em manter as trocas de removals/counters por criaturas de maneira favorável, e removeria dos jogadores o receio de precisar respeitar o combo a todo momento, o que poderia inclusive diminuir a necessidade de cards como Hydroblast na partida.

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Vi alguns jogadores mencionando a possibilidade de banir Thoughtcast para remover do arquétipo o seu fluxo constante de Card Advantage, já que o card opera como um pseudo Treasure Cruise para o arquétipo.

Apesar da ideia parecer interessante, e eu poderia ver Thoughtcast sendo banido pra enfraquecer o Affinity, não acredito que apenas Thoughtcast seria o suficiente para enfraquecer o arquétipo, já que o deck poderia utilizar One of Mind para manter o fluxo de cards ou Preordain para melhorar a consistência.

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Essa seria uma opção interessante, já que você tira do arquétipo o seu botão de free-win e o seu fluxo de card advantage, mas ainda mantém nele a sua consistência em ter jogos explosivos com múltiplas criaturas 4/4, o que de certa maneira padroniza a maneira com a qual você precisa lidar com o arquétipo e abriria a possibilidade dos decks utilizarem sideboards específicos eficientes já que o deck agora possuiria somente um ângulo de ataque viável (ou dois, se ainda utilizar Disciple of the Vault e Makeshift Munnitions), e menos oportunidades de conseguir se recuperar.

O que não é bom nesse ângulo? Eu poderia facilmente ver o Affinity mantendo um plano de jogo eficiente com diversas free spells, e o deck continuaria criando situações onde se jogam múltiplos 4/4 por pouca ou nenhuma mana, tornando-o ainda um deck Aggro que está acima dos demais que estão presentes no formato.

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Esta seria uma opção mais viável, retirar do Affinity as suas principais free spells e os cards que tornam do deck tão explosivo é uma opção para compensar a consistência adicional que o deck recebeu com Modern Horizons II.

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Isso obrigaria o Affinity a se reinventar, precisar investir mana de verdade nas suas cartas mais impactantes, reduzindo significativamente sua explosão e obrigando o deck a jogar conforme as regras do jogo.

É claro que o deck ainda teria cards como Frogmite, Somber Hoverguard, Gearseeker Serpent e Steelfin Whale, sendo que uma parte significativa destes cards não são artefatos, o que significa que eles não interagiriam tão bem entre si como Myr Enforcer e Sojourner’s Companion interagem, atrasando significativamente o plano de jogo do deck.

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Outra decisão que potencialmente removeria a velocidade com qual o Affinity opera seria banir as lands artefato originais, aos moldes do que ocorreu no Modern na sua concepção.

Forçar os decks de Affinity a jogar apenas com lands viradas reduziria significativamente suas jogadas explosivas, a ponto de talvez tornar do arquétipo absolutamente injogável, já que você precisaria jogar com uma manabase que funciona tecnicamente como um monte de Guildgates, contando apenas com Darksteel Citadel como uma fonte de mana desvirada.

Essa opção é, para mim, a medida mais extrema e possivelmente a opção que levaria o arquétipo para os confins do Tier 2 ou Tier 3 do formato, já que se tornaria lento demais para jogar bem contra os Midranges e os decks de Big Mana do formato, enquanto abriria espaço para outros decks interagirem bem melhor contra ele, além de possivelmente se tornar lento demais para jogar contra outros decks como o Stompy.

O que banir?

Levando todas essas opções em conta, considerando o atual estado do formato, estas seriam as mudanças que eu faria:

Banidas

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Eu acredito que o banimento de Chatterstorm é óbvio. O card é poderoso demais para o formato, o Pauper não tem os meios de lidar com winconditions com Storm. Não temos cards para atrasar o plano de jogo deste deck de maneira eficiente e, a essa altura, o formato já está num estado miserável demais para esperar um downshift de Vryn’s Wingmare, Deafening Silence ou outros cards que atrasam seu plano de jogo.

(Se fosse para esperarmos, já esperamos o lançamento de Adventures in the Forgotten Realms)

Como explicado, o caso do Affinity é mais delicado porque se trata de um arquétipo que ganhou uma consistência absurda, e é um deck presente no formato por tanto tempo que seria vergonhoso simplesmente matá-lo, mas também é necessário remover peças do arquétipo que sejam importantes o suficiente para enfraquecê-lo e diminuir sua velocidade ou consistência e, nesse caso, acredito que remover o seu começo de jogo explosivo e consistente é o melhor ângulo para atacar o Affinity sem prejudicá-lo por completo, enquanto também não prejudica outros arquétipos ao remover cards que possuem boas interações em outros decks como as lands artefato.

A Watchlist

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Apesar da minha opinião do que deveria ser banido incluir apenas três cards, existem dois cards dos quais acredito que também poderiam ser banidos e/ou que a Wizards deveria ficar de olho após o primeiro ban.

Jogadores com certeza tentarão encontrar meios de quebrar Galvanic Relay, e acredito que pode ser interessante vê-los tentar, já que os cards que podem ser abusados com ele são mais fáceis de se responder do que Chatterstorm.

Atog ainda é uma combo-kill eficiente e que cria uma opção de jogo ao Affinity do qual pode ser extremamente frustrante para seus oponentes e obriga os oponentes a respeitar demais a criatura, um estilo de jogo que a Wizards definitivamente tem procurado evitar nos últimos anos.

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Um ponto que ficou muito claro neste período é que os decks Blue-Based, especialmente os decks Dimir, foram o único arquétipo que conseguiu manter bons números dentro deste Metagame polarizado de maneira consistente.

Isso tem a ver com o fato de que esta combinação de cores inclui algumas das melhores respostas para lidar com ambas as estratégias, mas o Dimir Faeries já era o deck mais predominante do formato antes do lançamento de Modern Horizons II, e talvez seja um bom momento para considerar se o arquétipo também não está um passo acima dos demais decks do Metagame.

Particularmente, acredito que não, mas vi jogadores argumentando a respeito deste ponto, então vamos elaborar um pouco sobre eles.

Snuff Out tem sido mencionado por conta de se tratar de uma free spell que invalida praticamente qualquer criatura do formato, oferece uma significativa vantagem para decks que podem utilizá-lo e o preço de 4 de vida não costuma ser um problema quando você está respondendo a um Vines of Vastwood, matando um Myr Enforcer ou Annoyed Altisaur, ou respondendo ao trigger de uma Spellstutter Sprite, etc.

Spellstutter Sprite é o card com maior potencial de efeitos abusivos no Faeries, e um card que particularmente oferece valor demais para um custo tão baixo. Ela é, no mínimo, um Snapcaster Mage com um Mental Misstep acoplado e só fica pior quando a sua posição na mesa melhora.

Quando o Pauper era um formato mais intensivo em curva baixa e os decks de Cascade não existiam, conjurar uma Spellstutter Sprite parecia quase injusto quando você estava anulando uma Vines of Vastwood, um Delver of Secrets ou qualquer outra mágica de custo 1.

Hoje, a curva do formato subiu, o que se apresenta como um contraponto importante quanto a Spellstutter Sprite.

Existem cards que estão na minha watchlist pessoal, como Bonder’s Ornament, mas acredito que é imprescindível ver como o formato se comportaria após o banimento antes de apontarmos nossas armas para um próximo alvo.

Por quê está demorando tanto?

Esta é a pergunta que muitos tem feito faz algum tempo: Por qual razão está demorando tanto para a Wizards tomar uma atitude e banir o que precisa ser banido?

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Com a empresa tomando ações rápidas e quase imediatas em formatos como o Historic (onde levou menos de uma semana para banir Time Warp quando o arquétipo tornou-se o melhor deck do formato, e duas semanas para banir Thassa’s Oracle) e no Standard 2022, onde levou exatos seis dias para banir The Book of Exalted Deeds, ficamos a questionar por qual motivo a empresa não se movimentou quanto ao Pauper em seis semanas de um formato que está obviamente quebrado e polarizado.

A essa altura, já era de esperarmos que pelo menos Chatterstorm fosse banido, não é? Bom, não exatamente.

A primeira coisa a considerar é que ambos os banimentos afetam diretamente apenas os decks e formatos do Magic Arena, sem necessariamente afetar os formatos competitivos IRL ou formatos do Magic Online como um todo e, portanto, são banimentos artificiais.

Ou seja, o banimento destes cards no Historic ou no Standard 2022 não afetam diretamente os formatos vigentes no mundo real e não afetam diretamente a venda do produto ou a economia do jogo em si, além de que são formatos-pôsteres do Magic Arena, a plataforma da qual a Wizards tem procurado promover desde então.

Outro ponto a considerar é que anúncios de banidas e restritas recorrentes são uma imagem ruim para a empresa, já que um anúncio de banimentos, principalmente de um formato físico, repercute muito mais na Internet do que um banimento no Historic.

Sim, eu concordo que manter um formato definhando por seis semanas quando algo já esta claramente quebrando um formato e tornando-o pouco divertido para a comunidade é uma decisão bem ruim para com os jogadores e a comunidade de Pauper, mas você anunciar o banimento de uma carta de um produto “premium” como Modern Horizons II é uma decisão comercialmente ruim.

Como exemplo, a Wizards levou pouco mais de dois meses para banir Hogaak, Arisen Necropolis do Modern, e a situação do Hogaak era significativamente pior para o Modern do que a situação que vemos com o Pauper hoje.

Além disso, a empresa nunca foi muito ágil em banir cartas do Pauper: O card que permaneceu por menos tempo no formato foi Fall from Favor, que ficou por pouco mais de dois meses no formato até que fosse banido nove dias antes de um torneio de grande porte, o Magic Online Qualifier, que levaria diversos jogadores profissionais a jogar o formato por uma vaga no Mythic Championship.

Outros banimentos levaram mais tempo: Arcum’s Astrolabe levou mais de três meses, o famoso Blue Munday, que foi oficialmente ocasionado pelo lançamento de Foil em Ultimate Masters, levou cerca de cinco meses, Peregrine Drake também levou cinco meses, e foi banido através de um anúncio emergencial.

Então, o que está acontecendo na realidade não é que, dentro dos padrões do formato, a Wizards está demorando para tomar uma atitude, e sim que duas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo:

1) O metagame está tão obviamente quebrado, tão polarizado e tão desgostoso de se jogar para a maioria dos jogadores que não conseguimos compreender por qual motivo a Wizards está demorando tanto para, pelo menos, banir Chatterstorm, um card que estava claro que quebraria o formato desde o momento em que foi revelada.

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2) Enquanto isso, vemos a Wizards tomar atitudes rápidas e assertivas em outros formatos, especialmente do Magic Arena, o que nos traz uma enorme frustração e uma sensação de abandono para com o formato num momento em que ele está no pior estado em que presenciamos nos últimos anos, e o pior estado em que ele já esteve para muitos jogadores.

Logo, apesar de estarmos dentro de um timing comum para um formato como o Pauper receber uma atualização de banidas ou restritas, essa junção de fatores cria em nós o sentimento desesperado de urgência para que possamos aproveitar um formato saudável novamente.

E não estou tentando tirar a legitimidade desses sentimentos e dessa força coletiva para que atitudes sejam tomadas o quanto antes, visto que mostrou-se claro nestas seis semanas que não existe outra solução para lidar com o formato nesta ocasião em particular, estou apenas apresentando, de maneira fatual, que o timing ainda está dentro do que costumamos ver para o formato nas últimas vezes.

O que, infelizmente, pode significar que teremos de esperar mais algumas semanas, ou até meses, para termos um Pauper que possa ser proveitoso, saudável e divertido para a comunidade.

E o que podemos fazer sobre isso?

A verdade é que, como comunidade, apesar de sermos grandes em número, somos muito pequenos. E isso não tem a ver com o formato, é um fato que é apresentado para nós a todo momento, inclusive até para os jogadores profissionais.

Como mencionei neste artigo do ano passadolink outside website, nós podemos ter voz na comunidade, mas a decisão final é da Wizards, nosso alcance e poder em cima das decisões que a empresa toma é muito limitado e muito pouco influente.

O que estamos vivendo hoje é uma situação parecida com a que o Pioneer viveu no ano passado, onde o formato passou de Janeiro até Agosto vivendo um Metagame totalmente polarizado, composto por três decks no topo do formato e inviabilizando milhares de estratégias, enquanto os jogos tornavam-se frustrantes para os jogadores porque muitas vezes o oponente ganhava numa combinação de cards da qual você não tinha o que fazer a respeito e que operavam como um “free-win”.

Levou todo esse tempo apesar dos constantes pedidos da comunidade para consertarem o formato, apesar dos Challenges não estarem recebendo quórum o suficiente. E o mesmo poderia facilmente ocorrer com o Pauper.

Talvez, poderíamos tomar o Pioneer como lição, e jogarmos menos Challenges, jogarmos menos Ligas, tomar atitudes que demonstrem abertamente a nossa insatisfação para com o atual estado do Pauper e, quem sabe, tornar disso um pedido para que agilizem as coisas para consertar o formato quanto antes.

Porém, essa tática não me parece uma opção efetiva e, inclusive, parece muito mais nociva para o formato do que para a Wizards. Hoje, a melhor atitude da qual eu consigo pensar sobre é falar disso abertamente, exigir nas redes sociais, nos artigos, nas lives e onde mais for que alguma atitude seja tomada com relação ao Pauper.

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Sinto muito, gostaria de apresentar soluções mais práticas e efetivas, mas eu tenho uma noção do nosso lugar no jogo, tenho uma noção de que somos um parafuso numa engrenagem que roda muito bem com ou sem a gente, não adianta promover boicotes ou qualquer outra atitude parecida porque o nosso poder quanto ao jogo e as decisões tomadas com relação a isso são muito pequenas.

A decisão final não é e nunca será nossa. E não é nem mesmo daqueles que se comportam como “a voz do formato”.

Conclusão

Essa foi a minha análise do atual estado do Pauper, e a crise gerada no cenário competitivo pela inclusão de cards que obviamente iriam quebrar o formato.

Só para deixar claro, eu admiro a coragem necessária para puxar os limites. Admiro muito a coragem necessária para quebrar tabus e não permitir que tudo seja escrito em pedra. A inclusão de Chatterstorm foi, apesar de provavelmente não intencionada para o Pauper, uma jogada corajosa da Wizards para o formato.

A inclusão de duais artefato em Modern Horizons II foi uma quebra de tabu gigantesca para com o próprio Modern, onde as lands artefato originais são banidas.

Eu realmente acredito que este tipo de atitude e os limites a serem puxados no desenvolvimento do jogo para ampliar o espaço de criação e inovação são ótimas e super encorajo a ideia de que mais atitudes ousadas na concepção de cards sejam tomadas

Porém, enquanto encorajo esta atitude, cobro também que essas decisões sejam vigiadas e que, quando derem errado, atitudes assertivas e eficientes sejam tomadas de maneira rápida quando as estatísticas e os dados mostram que algo está realmente errado.

Um card foi banido esta semana, com seis dias de existência, de um formato do Magic Arena por criar um lock-combo que dava um sentimento negativo ao oponente. Foi a decisão certa.

Mas esperar seis semanas, ou mais, com um formato tendo 50% do Metagame no cenário competitivo composto exclusivamente por dois decks, é uma decisão muito errada.

E apesar de ter apresentado aqui que essa demora é natural e que existem motivos para tal, não posso deixar de questionar ao fim deste artigo: Where is the Ban?

Obrigado pela leitura.