Magic: the Gathering

Deck Guide

Pioneer: Rakdos Midrange e a Adaptação ao Metagame

, updated , Comment regular icon0 comments

No artigo de hoje, dissecamos o Rakdos Midrange, deck que tem demonstrado resultados promissores no Pioneer, funcionando em um espaço onde as respostas são tão importantes quanto as ameaças!

Writer image

revised by Tabata Marques

Edit Article

Um dos pontos essenciais do cenário competitivo de Magic é compreender quando uma determinada estratégia está propícia para o Metagame, e quando um determinado deck pode estar em vantagem em relação aos decks mais jogados, e como se adaptar ao que você espera enfrentar num evento em específico.

Este exercício é praticamente diário se você costuma jogar Ligas, e é um exercício semanal para qualquer jogador que compete nos Challenges ou outros torneios competitivos, já que existe uma grande movimentação nesses cenários dentre os decks mais jogados, e um deck que está bem posicionado pode ser apresado por um arquétipo menos jogado, ou por uma seleção de cards específicas.

Ad

No caso do Pioneer, o formato encontra-se num momento onde dois pontos tornam-se essenciais: Interação com cemitérios e interação de mesa.

O formato tem estado num momento onde diversos arquétipos procuram recorrer ao próprio cemitério, seja devolvendo criaturas para o campo de batalha com Lurrus of the Dream-Den, ou utilizando o cemitério como um recurso para jogar com Treasure Cruise e Dig Through Time, além da evidente afirmação de que o Izzet Phoenix ainda é o melhor deck do formato.

Já a interação de mesa faz-se necessária porque 90% dos jogos do Pioneer são decididos no campo de batalha, o que nos leva á recorrente necessidade de removals para resolver as mais diversas criaturas, outro ponto que fica evidente quando as jogadas mais impactantes envolvem grandes ameaças como Winota, Joiner of Forces.

Quando adaptamos um deck às necessidades do formato, podemos considerá-lo um “meta call”, uma lista que procura estar à frente dos demais ao utilizar cards que interagem muito bem com as estratégias vigentes naquele momento, e creio que o Rakdos Midrange encaixe-se como um dos melhores Meta Calls que o Pioneer possui na atualidade.

Entendendo o Rakdos Midrange

Loading icon

O Rakdos Midrange essencialmente opera com base em variados efeitos de 2-por-1, como esperado de qualquer lista que se encaixe neste arquétipo e combinação de cores no formato, mas possui uma ampla seleção de cards visando interagir significativamente contra decks de cemitério.

Um ponto relevante que um jogador pode se questionar ao ver esta lista é porque utilizá-la ao invés do Rakdos Arcanist, que possui teoricamente uma curva de mana mais eficiente com a inclusão de Lurrus of the Dream-Den, além de reaproveitar melhor as próprias mágicas com uma ameaça recorrente na forma de Dreadhorde Arcanist, e a resposta encontra-se justamente na proposta deste arquétipo: Decks de cemitério possuem um enorme alvo no atual Metagame.

Com o Izzet Phoenix sendo o melhor deck do formato, outros arquétipos que interagem com cemitérios, incluindo o Rakdos Arcanist, sofrem um efeito colateral de que todos os oponentes estão esperando interagir contra cemitérios, o que torna deles opções relativamente bem ruins porque muitos deles não possuem a resiliência que o Izzet Phoenix demonstra ter para jogar em torno dos oponentes.

Um deck como o Rakdos Arcanist, por exemplo, possui ótimas respostas para lidar com as mais diversas situações, como, por exemplo, Feed the Swarm contra Rest in Peace ou Abrade contra Grafdigger’s Cage, mas quando estas cartas não estão presentes, uma parcela significativa do arquétipo funciona de maneira tão sub-otimizada que oferece tempo demais para o oponente estabelecer o próprio plano de jogo, não há pressão num Dreadhorde Arcanist batendo 1 todo turno, e Young Pyromancer, junto de seus tokens, são facilmente bloqueados ou resolvidos.

Logo, para apostar numa postura de Midrange, decks de Rakdos podem precisar se afastar de Kroxa, Titan of Death’s Hunger e se aproximar um pouco mais de cards que, em um passado não muito distante, eram Staples do formato, como Kalitas, Traitor of Ghet e Chandra, Torch of Defiance, possibilitando que o arquétipo se reinvente e esteja no lado dos “decks de resposta”, que procuram lidar e se adaptar ao Metagame.

Ad

Maindeck

Loading icon

Isso permite ao arquétipo obter uma vantagem virtual contra determinados decks, enquanto o restante da base em qual o arquétipo opera funciona muito bem em outros jogos, já que nenhuma dessas criaturas é necessariamente ruim por conta própria em outras partidas.

E todos os cards utilizados pelo arquétipo para este propósito são criaturas extremamente úteis fora de suas interações com cemitérios: Graveyard Trespasser pode tornar-se facilmente uma criatura 4/4 por três manas com uma autoproteção embutida, e o lifedrain exercido por ele também é relevante para acelerar o clock;

Kalitas, Traitor of Geth é um card extremamente poderoso contra decks agressivos, já que reaproveita as criaturas do oponente e oferece um corpo com Lifelink para atrasar significativamente o clock, enquanto um corpo 3/4, com potencial para crescer no late-game, torna-se muito difícil de se interagir com removals baseados em dano, e a sua habilidade de criar tokens de Zumbi é significativamente relevante contra decks de criatura.

Apesar de ter uma função mais específica, Go Blank é um card extremamente poderoso contra Izzet Phoenix, enquanto não perde a utilidade em outras partidas de atrito, em especial contra decks Control.

Loading icon

A lista também conta com outras criaturas que oferecem poderosos efeitos de 2-por-1.

Bonecrusher Giant foi uma staple do Standard, e é uma staple do Pioneer faz algum tempo, ao oferecer um removal de custo baixo e um corpo 4/3 por três manas num mesmo card, dando ao deck uma maior versatilidade nos slots utilizados.

Bloodthirsty Adversary é, no meu ponto de vista, o mais poderoso do ciclo de Adversaries de Innistrad: Midnight Hunt, já que oferece um corpo agressivo por duas manas, e uma habilidade que pode ser paga posteriormente para reutilizar instants e sorceries de seu cemitério, enquanto tornam a criatura mais poderosa.

Inicialmente, Bloodthirsty Adversary pode parecer pior do que cards como Goblin Dark-Dwellers, que não vê jogo algum no formato, mas o fato desta habilidade ser um custo adicional e poder ser pago diversas vezes num único ETB, torna do vampiro vermelho uma poderosa ameaça.

Loading icon

Chandra, Torch of Defiance ainda é o Planeswalker vermelho mais poderoso do Pioneer (e, possivelmente, a Planeswalker mais poderosa do formato), já que oferece card advantage e mana advantage com suas habilidades de +1, enquanto também possui um removal embutido (e sobrevive após utiliza-lo), e uma última habilidade que essencialmente pode ganhar o jogo em pouquíssimos turnos, especialmente num deck com mágicas de custo baixo.

Loading icon

Se você está jogando de preto e Midrange no Pioneer, você provavelmente deveria estar utilizando Thoughtseize, um card que é facilmente considerado o melhor descarte de uma mana já lançado em Magic: The Gathering até hoje, já que não possui restrições quanto ao que remover dos recursos do oponente, e o custo de 2 de vida é ínfimo para as vantagens oferecidas pelo card.

Ad

Loading icon

O pacote de removals inclui alguns dos elementos mais comuns de decks midrange no Pioneer atualmente.

Fatal Push lida com boa parte das ameaças de Early-Game do formato, e apesar deste arquétipo não ter a mesma flexibilidade que o Rakdos Arcanist em habilitar o Delirium, os outros removals utilizados podem lidar bem com ameaças de custo maior.

Por exemplo, Dreadbore, do qual a lista utiliza três cópias, é muito útil em, por um custo baixo, responder à qualquer criatura que o oponente utilizar, enquanto também possui alguma relevância contra os mais diversos Planeswalkers.

Por fim Bloodchief’s Thirst é uma mágica flexível que se encaixa como uma mistura das mágicas acima. É importante ressaltar que, caso você o conjure através de Bloodthirsty Adversary, você pode pagar o custo de Kicker (com mana adicional, ele não é pago de graça) para aumentar o efeito do card.

Loading icon

Por fim, o maindeck utiliza três cópias de Kolaghan’s Command como uma das melhores e mais flexíveis mágicas existentes no Pioneer, e é particularmente devastador quando reutilizado com Bloodthirsty Adversary, onde você pode utilizar a mágica para voltá-lo para sua mão e fazer outro efeito e, em seguida, conjurar a criatura, pagar o custo adicional para reutilizar Kolaghan’s Command e devolver outra criatura, dentre outros efeitos

Loading icon

Para compôr a manabase, o arquétipo utiliza uma seleção de cards que apresenta algumas das melhores lands disponíveis, com Blightstep Pathway e Blood Crypt podendo ser utilizadas desviradas desde o turno 1.

Haunted Ridge e o resto do ciclo de Slow Lands apresentados em Crimson Vow e Midnight Hunt tem demonstrado serem bons o suficiente para merecerem seu próprio espaço no Pioneer, e num deck de atrito como é o caso do Rakdos Midrange, as ocasiões onde esta land entra virada são menos relevantes do que as muitas vezes em que você a utilizará a partir do turno 3.

Loading icon

A lista também conta com um pacote de lands utilitárias, que possui objetivos distintos além de gerar mana.

Para um deck de atrito, Castle Locthwain pode gerar muito card advantage por um custo muito baixo de vida, permitindo ao seu controlador sempre repor a própria mão a cada turno.

Hive of the Eye Tyrant é mais um card no pacote de interações com cemitério que o arquétipo possui, e um que reproduz o efeito de Graveyard Trespasser, oferecendo o constante risco ao oponente de perder suas cópias de Arclight Phoenix ou Kroxa, Titan of Death’s Hunger no cemitério.

Den of the Bugbear é um reminiscente de cards como Legion Warboss ou Goblin Rabblemaster e pode, numa mesa vazia, criar um pequeno exército de criaturas que aplicarão uma quantidade significativa de pressão ao oponente que não conseguir interagir com o terreno.

Ad

Loading icon

Por fim, a última land do deck é Shatterskull Smashing, que pode ser utilizado também como um mini-sweeper contra decks com criaturas menores, como o Humans, ou como um poderoso removal de Late-Game contra criaturas maiores.

Sideboard

Loading icon

O Sideboard oferece alguma disrupção adicional contra decks voltados para mágicas, em especial com três cópias de Duress e uma cópia adicional de Go Blank.

Loading icon

Existe uma variedade de arquétipos que não conseguem lidar facilmente com Kroxa, Titan of Death’s Hunger, e a sua inclusão para estas partidas pode, em muitas ocasiões, significar uma importante perda de recursos por parte do oponente ou até mesmo a vitória em curto-prazo, já que removals vermelhos, por exemplo, possuem uma seríssima dificuldade em lidar com o Gigante.

Loading icon

Também temos mais interação contra listas agressivas no Sideboard, com muitas delas também servindo contra decks voltados para cemitérios.

Legion’s End lida com criaturas de custo baixo, oferece informação e é muito útil para remover criaturas recorrentes, sem perder a utilidade quando elas não estão presentes.

Anger of the Gods é o melhor sweeper vermelho do formato atualmente, e não é de se surpreender que o arquétipo o utilize, tanto como uma ferramenta adicional contra os decks de Phoenix, como também para lidar com Humans, Burn, Naya Winota, ou qualquer outro arquétipo que procure jogar com muitas criaturas.

Loading icon

Eu não creio que o formato esteja tão combo-cêntrico à ponto de precisarmos de Necromentia, mas a capacidade de lidar com todas as cópias de determinadas ameaças (aqui, mencionamos novamente Arclight Phoenix ) com apenas um card e três manas torna da mágica uma opção atrativa para o Sideboard.

Loading icon

Por fim, também temos cópias adicionais de cards que ajudam em partidas de atrito, onde o uso delas ou sua permanência na mesa é problemático demais para jogos onde ambos os jogadores estão constantemente trocando recursos.

Análise de Desempenho

Testei esta lista em algumas partidas e, particularmente, gostei muito dos resultados.

Um ponto que ficou extremamente evidente para mim, é que o Rakdos Midrange é um deck construído em volta de responder objetivamente ao atual Metagame do formato, com cards que são essencialmente úteis em lidar com as investidas agressivas de decks como Humans e Winota, enquanto o seu pacote de ameaças é muito poderoso contra Izzet Phoenix, além de uma parcela considerável delas ter um bom corpo para bloquear as ameaças do Burn, enquanto o pacote de descartes é muito útil em interagir bem contra o Lotus Combo ou Azorius Control.

Loading icon

Nesse quesito, o card que me surpreendeu positivamente foi Bloodthirsty Adversary pela sua versatilidade e, obviamente, pelas suas poderosas interações em mesas vazias, ou com poucas ameaças (algo que não é difícil para um arquétipo com tantos removals), enquanto ele também funciona como uma criatura de alto impacto em partidas onde o jogo se estende, e houve momentos onde tive mana o suficiente para conjurá-lo junto de Go Blank e Kolaghan’s Command no mesmo turno, criando uma situação absolutamente devastadora para o meu oponente.

Ad

Porém, como todo deck Midrange, o Rakdos sofre do problema de essencialmente todo deck não-azul de Magic: The Gathering: os momentos em que você compra as respostas erradas para a situação.

Por exemplo, houve jogos onde o oponente conseguia esvaziar a mão com facilidade ao jogar múltiplas criaturas num turno, em situações onde, comumente, eu preferiria um removal para lidar com a pressão estabelecida e, ao invés disso, estava com uma cópia de Go Blank na mão e um Thoughtseize do topdeck, enquanto meu oponente encontrava Collected Company para aumentar a pressão.

Porém, essa é a fraqueza natural dos decks Midrange, e uma das quais o arquétipo tenta mitigar por constante card advantage, seja reutilizando criaturas, mágicas, ou por efeitos como o de Bonecrusher Giant e Bloodthirsty Adversary.

Outro ponto que, particularmente, me desagradou no deck é a falta de interações em Instant-Speed, e uma clara noção de que ele tem problemas severos contra decks voltados para dano direto, em especial as variantes de Burn, já que nosso único meio de segurar esta partida é com Kalitas, Traitor of Ghet.

Dito isso, eu realmente gostei muito da forma como o deck se comporta, da flexibilidade das suas mágicas e de como a lista parece muito bem construída para lidar com o atual cenário do Pioneer, portanto, recomendo para qualquer jogador que queira estar no lado das respostas do formato, e não das ameaças, ou para qualquer jogador que sinta falta de jogar de Jund no Modern.

Possíveis Adições

Loading icon

Eu realmente quero mais interações de Instant-Speed, pois houve ocasiões onde precisar jogar tudo no meu turno não abria possibilidades para jogar em volta de counterspells e outros efeitos do oponente.

Possivelmente, trocaria uma cópia de Dreadbore e uma de Bloodchief’s Thirst por uma cópia de Bedevil que possui a vantagem de lidar com os ocasionais decks de Ensoul e pode ser reutilizado do cemitério com Bloodthirsty Adversary, ou uma cópia de Murderous Rider, que possui a flexibilidade de ser uma ameaça e um bom bloqueador e atraso de clock contra decks agressivos.

Loading icon

Se Winota, Joiner of Forces continuar tendo um impacto maior no formato nas próximas semanas, é possível considerar a inclusão de respostas específicas para ela e outras ameaças no Sideboard.

Particularmente, gosto de Fry por também lidar com Teferi, Hero of Dominaria ou Jace, Wielder of Mysteries, mas Rending Volley é melhor utilizado em eficiência de mana, e Noxious Grasp também pode servir, caso o Metagame demande melhores respostas contra criaturas brancas ou verdes.

Loading icon

Por fim, o arquétipo precisa de mais ameaças que façam decks como o Burn pensar duas vezes em como gastar seus recursos, então talvez uma cópia adicional de Kalitas, Traitor of Ghet no Sideboard seja uma boa ideia.

Conclusão

Essa foi minha análise do Rakdos Midrange, deck que tem demonstrado resultados promissores no Pioneer nas últimas semanas.

Ad

Eu o recomendo para qualquer jogador que queira ter a sensação de ter os meios de responder à todas as ocasiões, e prefira estar no lado dos decks das respostas do que nos de ameaça, já que este arquétipo me mostrou ser muito eficiente em lidar com alguns dos principais decks do formato.

Também recomendo este arquétipo para jogadores que sentem falta das versões mais Midrange de decks como o Jund no Modern, ou até mesmo para os jogadores que sentem falta de interações poderosas com Kolaghan’s Command, porque a sensação que tive ao pilotá-lo foi de estar jogando com um deck Modern que não se encaixa mais nos padrões que o formato possui atualmente com o arsenal de Modern Horizons II, como free spells, Urza’s Saga e Ragavan, Nimble Pilferer.

Outro ponto que gostaria de ressaltar é que os jogadores do Pioneer prestem mais atenção em cards com grande potencial utilizados nesta lista, como Graveyard Trespasser, que possui algumas interações interessantes com o resto do formato, e principalmente Bloodthirsty Adversary, que demonstrou ser muito mais do que apenas uma versão flexível de Goblin Dark-Dwellers.

Na minha conclusão, realmente me diverti muito utilizando este deck, e pretendo adicioná-lo à minha pool particular de Pioneer em breve.

Obrigado pela leitura!